Mundial de Clubes de 2000 no Brasil: Torneio de Verão?

Assim como em 1950, em que a FIFA escolheu o Brasil para marcar o retorno da Copa do Mundo depois da Segunda Guerra, a FIFA escolhe novamente nosso país para uma novidade: o seu primeiro campeonato mundial de clubes.

Esse post vai contar um pouco dessa história, da glória corintiana e, claro, das polêmicas!

Antes do torneio

A FIFA não tinha muita atenção ao futebol de clubes à nível internacional.

Com o crescente sucesso da UEFA Champions League, inaugurada na temporada 1992, a entidade se viu obrigada a criar um torneio de clubes sob sua chancela.

E resolveu investir em cima da Copa Intercontinental, torneio da UEFA e da CONMEBOL que colocava frente a frente o campeão europeu contra o campeão sul-americano.

Para a FIFA, mesmo com o apelo dos campeões, o torneio não era de fato mundial.

Além disso, muitos campeões europeus não davam o devido valor ao confronto, às vezes enviando times mistos para a disputa – e ganhando mesmo assim.

O Atlético de Madrid, em 1978, foi a Copa Intercontinental no lugar do Bayern de Munique, campeão da Champions, que se recusou a participar do jogo contra o Independiente.

Com um mundo já globalizado e querendo aumentar a representação do futebol no mundo e, claro, a sua audiência, enfim criou a versão “Clubes” da Copa do Mundo.

Por isso, em janeiro de 2000, inaugurando um novo milênio, a FIFA escolheu o Brasil para a primeira edição do torneio.

Os Participantes

A edição inaugural do Mundial teve oito equipes:

  • Corinthians (Brasil) – Campeão do Brasileirão de 1998, convidado por ser do país sede.
  • Vasco da Gama (Brasil) – Campeão da Libertadores de 1998.
  • Manchester United (Inglaterra) – Campeão da Liga dos Campeões de 1999.
  • Real Madrid (Espanha) – Campeão da Copa Intercontinental de 1998.
  • Necaxa (México) – Campeão da Copa dos Campeões da CONCACAF.
  • Raja Casablanca (Marrocos) – Campeão da Liga dos Campeões da África.
  • South Melbourne (Austrália) – Campeão da Oceania.
  • Al-Nassr (Arábia Saudita) – Campeão da Supercopa Asiática.

Os 8 clubes foram divididos em dois grupos com 4 equipes.

Grupo A (Rio de Janeiro): Corinthians, Real Madrid, Al-Nassr e Raja Casablanca

Grupo B (São Paulo): Vasco da Gama, Manchester United, Necaxa e South Melbourne

Por conta do calendário apertado do começo do ano, o formato precisou ser o mais rápido possível.

Logo, os clubes se enfrentariam no seu grupo, com o campeão de cada grupo se classificando para a final.

Isso privilegiava muitos os europeus que, mais fortes, só precisariam não perder para os sul-americanos que avançariam a final.

Certo?

Europeus em apuros

O que se viu não foi isso.

No confronto entre CONMEBOL x UEFA, dois resultados históricos.

Posso lhe garantir que essa imagem não foi gerada por Inteligência Artificial.

O Corinthians começou o torneio no Grupo A com um empate em 2 a 2 contra o Real Madrid, numa partida histórica no Maracanã. Depois venceu Raja Casablanca e Al-Nassr, garantindo vaga na final.

Só que o mais surpreendente viria no grupo B. O Vasco passeou sobre o Manchester United por 3 a 1 com grande atuação de Romário e Edmundo.

O clube carioca bateu também o Necaxa e empatou com o South Melbourne, vencendo o grupo.

Torneio de Verão

E aqui começa a grande critica ao torneio. Por acontecer no verão do hemisfério sul, a crítica especializada considerou fraca a atuação dos europeus, em especial o United.

Jogadores do Manchester United visitando o Cristo Redentor, em janeiro de 2000

No mês anterior, havia vencido o Intercontinental sobre o Palmeiras, marcando sua trajetória como um dos maiores clubes da década.

Aí, no Brasil, mostra uma performance apática.

No Real, segundo palavras do próprio Roberto Carlos, a estadia no Brasil foi considerada uma “pré-temporada”.

Esses boatos enfraqueceram, momentaneamente, a imagem do campeonato na Europa.

Corinthians e Vasco, que não tem nada com isso, iriam jogar a final no Maracanã.

A Grande Final

O dia 14 de janeiro de 2000 colocou frente a frente dois times brasileiros para o até então maior momento de suas trajetórias.

E no maior palco do país: o Maracanã.

Um jogo muito truncado terminou 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação.

Nos pênaltis, brilhou a estrela do goleiro Dida, que defendeu as cobranças de Gilberto e Euler.

Edmundo perde a penalidade definitiva, consagrando o Corinthians como o primeiro campeão mundial REAL OFICIAL da FIFA.

Repercussões e Críticas

A FIFA tentou com o seu torneio atrair o público europeu para um torneio de clubes global.

Não funcionou muito bem. Por ser no Brasil, sendo decidido por brasileiros e com os europeus bem abaixo do esperado, o torneio não caiu nas graças do povo do Velho Continente.

A mídia europeia foi bastante crítica ao torneio, sobre formato, calendário e ausência de semifinais.

E isso trouxe, por muito tempo, questionamentos sobre a validade do título para o Corinthians.

O que foi totalmente rechaçado pela entidade máxima da bola.

A não participação de clubes como o Palmeiras e o Boca Juniors, últimos campeões da Libertadores, também foi questionado.

Por anos, a participação do Vasco foi questionada, sob o argumento da CBF ter dado um jeitinho de não ter dois paulistas na disputa – já que o Palmeiras era o então campeão continental.

Porém, a FIFA sempre em documentos e em declarações reafirma que o Corinthians é sim o primeiro campeão mundial de clubes para a entidade.

Sobre o Verdão e os Xeneizes, a FIFA disse que haveria uma segunda edição em 2001 mas… Bem, isso fica para outro dia!


Entre críticas e elogios, é inegável que o Mundial de 2000 foi um marco para o esporte enfim valorizar o clube.

Para o torcedor do Corinthians, esse título continua sendo motivo de orgulho — afinal, ser o primeiro campeão do mundo é para poucos.

E você? O que acha do Mundial de 2000? Valeu ou não? Comenta aí!