A maldição do Pyramids

Na metade do ano, começamos a ver alguns jogadores badalados no nosso futebol (como Rodriguinho, do Corinthians, e Keno, do Palmeiras) sendo vendidos para um mercado que era pouco lembrado pelos boleiros: o Egito.

Egito de Salah, certo, que foi pra Copa, mas não era um alvo do mercado da bola. Não se compararmos ao oriente médio e o leste europeu, por exemplo.


Isso aparentemente estava mudando no início de julho após um clube egípcio, o Al-Assiouty Sport, ter sido comprado pelo bilionário Turki Al-Sheikh, presidente da Autoridade Esportiva Geral, algo como um Ministério dos Esportes da Arábia Saudita.

Ostentação digna de faraó

Asyut é uma cidade que fica 400 quilômetros ao sul do Cairo, a capital do país. O clube foi fundado em 2008, e tinha como glórias ter vencido a segunda divisão do futebol egípcio em 2016/17.

Depois de adquirir o clube, o bilionário mudou seu nome para Al-Ahram FC, o que, traduzindo do árabe, significa pirâmides. Daí internacionalizou a marca, batizando-o de Pyramids FC.

A maldição do Pyramids

O elenco foi totalmente reformulado. Com um olho no mercado brasileiro, arrebanhou alguns jogadores (os citados Rodriguinho e Keno) e o treinador Alberto Valentim, que na época estava em franco crescimento, após levar o Palmeiras ao vice-campeonato Brasileiro em 2017 e o Botafogo ao surpreendente título carioca em 2018.

Seu objetivo era claro: politicamente, queria alinhar o projeto egípcio ao projeto de modernização da Arábia Saudita, já que o Egito é o polo cultural do mundo árabe. Esportivamente, ser uma alternativa para quebrar o domínio de Al Ahly e do Zamalek no Egipcião.

Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem… Parecia que o projeto começou bem – a equipe iniciou com 2 vitórias e 1 empate no egipcião, PORÉM…

A maldição do xeque

O rendimento da equipe não agradava o xeque – a primeira vitória veio somente nos acréscimos.

Após o empate em casa contra o El Entag El Harby, o dono do clube procurou o treinador e pediu para que o jogador Ribamar (mais um brasileiro arrebanhado para o Pyramids) fosse barrado.

Valentim não somente ignorou o “”””””pedido”””””” do presidente como Ribamar foi o cara do jogo, na vitória por 2×1 contra o El Geish.

O presidente, vendo ali uma subordinação, decidiu demitir o treinador brasileiro, causando surpresa mundial.

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Por essa o Valentim não esperava…

No entanto, não foi esse o primeiro atrito entre eles.

O empréstimo de Arthur Caike para o Al Shabab, da Arábia Saudita, além de respeitar o limite de estrangeiros no time, foi uma pressão dos dirigentes do seu país, que estavam vendo o xeque investir demais no Egito.

Valentim não gostou disso, principalmente depois que o xeque tentou repassar Keno, Ribamar e Carlos Eduardo para o futebol árabe. O treinador argumentou que os brazucas são melhores que os jogadores locais, e que não abriria mão deles do time.

Se o xeque já estava mal visto no Egito por conta desses atritos, sua imagem ficou ainda mais abalada pela divulgação das transações milionárias para compra de novos jogadores.

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Políticos e imprensa egípcia questionam Al-Sheikh, por levar desequilibrio ao futebol local, principalmente pela sua fama depois de ter atritos com a diretoria do Al-Ahly, de onde era o presidente de honra.

Usando aquela famosa média “se não me querem, tem quem queira”, Turki bin Abdulmohsen Al-Sheikh decidiu migrar seus investimentos para seu país, a Arábia Saudita, na próxima temporada.

“Penso seriamente em retirar os investimentos no esporte no Egito. Um ataque estranho de cada lado e todo dia uma história… Dor de cabeça desnecessária”, escreveu Al-Sheikh.

De acordo com o “Archy news”, uma reunião acontecerá assim que possível para discutir os rumos do clube após a saída do xeque.

Provavelmente os brasileiros, bem como os jogadores contratados, sejam repassados a clubes sauditas.


Que coisa, não? Será que o xeque vai se livrar do seu “brinquedinho egípcio”? E os brasileiros, você gostaria que voltassem? Comenta aí!