50 anos do TRI: a melhor seleção de todos os tempos!

No exato dia de hoje, mas do ano de 1970, o futebol brasileiro mostrou ao mundo o seu poder! Hora de comemorar os 50 anos do TRI!

Na decisão da 9ª edição da Copa do Mundo de Futebol, Brasil e Itália se enfrentaram não só para descobrir quem seria o primeiro a vencer três edições.

Os dois disputaram a posse definitiva da Taça Jules Rimet (que seria do time que vencesse o Mundial por três vezes).

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O Capita Carlos Alberto Torres mostrando ao mundo o que o tricampeão do mundo estava levando definitivamente pra casa.

O evento, porém, não se resume apenas a decisão. Nosso escrete mostrou um futebol envolvente e talentoso dominando seus adversários e protagonizando momentos inesquecíveis.

E é isso que vamos relembrar nesse post, que marca o retorno da Arena Geral!

Um lembrete antes de começar

Antes de mais nada, que fique bem claro: sabemos muito bem o que essa Copa especificamente significou politicamente para o Brasil, antes, durante e depois da conquista.

Principalmente o uso do título pelo regime ditatorial que imperava no país na época.

Não ao menos citar esse fato seria ignorar o momento atual do país. No entanto, o foco agora é na Seleção e no Mundial em si.

Podemos citar o que a Copa de 1970 causou no país politico e socialmente numa outra oportunidade.

O que podemos já deixar dito aqui neste post é: futebol (e esporte de uma forma geral) e política estão SIM relacionados.

Antes do Mundial

O Brasil vinha de um bicampeonato mundial quando, em 1966, ficou nua vexatória primeira fase.

Esse tropeço mexeu com os brios da Seleção. A CBD não poupou esforços em montar um super escrete.

Nas eliminatórias (bem mais curtas que hoje em dia), o Brasil foi muito bem, mas ainda deixava o torcedor de orelha em pé por conta do desempenho em 1966.

Só que os comandados por João Saldanha já mostraram o esboço do time que encantaria o mundo.

Porém, a preparação foi atrapalhada por motivos políticos. Como dissemos acima, isso fica para outro post.

O que podemos dizer aqui é que, graças a uma grande divergência entre João Saldanha, a CBD e o Governo Federal, foi Mário Jorge Lobo Zagallo (bicampeão como jogador) o responsável por treinar a Seleção no México, isso faltando apenas três meses para o início da competição.

Apesar do problema, o Brasil se preparou muito bem. Viajou antecipadamente ao México para se acostumar com a altitude (treinou em uma cidade ainda mais alta do que todas as sedes do torneio), e promover uma inovadora preparação física, que foi um dos grandes diferenciais da Seleção.

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Pioneira, a preparação adaptou o treinamento militar com o Teste de Cooper. Tudo comandado por Carlos Alberto Parreira, o preparador físico da Seleção em 1970.

Primeira Fase

O Brasil ficou no Grupo 3, que poderia ser considerado cascudo.

Além da Romênia, duas seleções conhecidas e difíceis: a Tchecolsováquia, que foi finalista em 1962, e a atual campeã mundial Inglaterra.

Só que isso não intimidou o Brasil. Junto com a Alemanha Ocidental, foi a única seleção a passar de fase com 100% de aproveitamento.

03/06/1970 – Guadalajara
Brasil 4×1 Checoslováquia

A estreia foi com uma revanche da final da Copa de 1962.

Começou com um susto, pois Petráš abriu o placar aos 11 minutos de jogo.

Mostrando o seu futebol, o Brasil virou e venceu com Rivellino (24′), Pelé (59′) e Jairzinho por duas vezes (61′ e 83′).

Nesse jogo já tivemos um dos momentos mais emblemáticos do Mundial, o conhecido “Gol que Pelé não fez“.

O Rei tentou marcar do meio de campo, quase pegando o goleiro Ivo Viktor adiantado. A bola caprichosamente passa rente a trave.

07/06/2020 – Guadalajara
Brasil 1×0 Inglaterra

O jogo mais esperado do grupo (e um dos mais esperados da Copa) foi também um dos mais tensos.

Atual campeã, a Inglaterra veio para truncar o jogo e ameaçou bastante a meta brasileira.

Nesse jogo ocorreu a histórica defesa do goleiro britânico Gordon Banks após cabeçada a queima roupa de Pelé.

Coube ao Furacão da Copa, Jairzinho, decidir a partida a nosso favor aos 59′.

10/06/1970 – Guadalajara
Brasil 3×2 Romênia

O jogo que parecia ser o “mais fácil” para o Brasil foi o que a nossa Seleção mais tomou gols na Copa, junto com a partida seguinte.

Pelé abriu o placar aos 19′, e o Brasil ampliou com Jairzinho aos 22′.

A Romênia diminuiu com Dumitrache aos 34′, deixando o jogo tenso.

Na segunda etapa: um gol pra cada lado. Pelé marcou aos 67′ e Dembrovschi fechou o placar para os romenos no minuto 84.

Brasil passa em primeiro no grupo, com a Inglaterra assumindo o segundo posto.

“Copa América” decisiva

Para voltar a final de Copa depois de 8 anos, o Brasil enfrentaria uma “Copa América”.

Quartas de final
14/06/1970 – Guadalajara
Brasil 4×2 Peru

Primeiro, o Peru, nas quartas-de-final. Na época, o time peruano era um dos mais fortes do continente, e vinha bem, só sendo batido pela Alemanha Oriental na primeira fase.

Na bola, deu Brasil! Vitória por 4×2. Gols de Rivelino (11′), Tostão (15′ e 52′), Jairzinho (75′).

O Peru marcou com Gallardo (28′) e Cubillas (70′), eleito o melhor jogador jovem da Copa de 1970.

Semifinal
17/06/1970 – Guadalajara
Brasil 3×1 Uruguai

A semifinal foi emblemática.

Foi contra o Uruguai em casa, no ano de 1950, que o Brasil teve, até aquele momento, o maior vexame da sua história futebolística.

E o jogo valeria a chance do campeão lutar pela taça Jules Rimet.

A tensão no país era evidente, pois apenas 20 anos havia se passado desde o Maracanazzo, e os uruguaios ainda estavam entalados na nossa garganta.

E tudo ficou pior quando Cubilla abriu o placar aos 19 minutos.

Só que a nossa Seleção era muito melhor que a uruguaia. E, a partir do gol de Clodoaldo aos 44′, vimos um show brasileiro. Jairzinho (76′) e Rivelino (89′) completaram a vitória brasileira rumo a decisão.

Claro, como todo jogo entre sul-americanos, tivemos lances violentos e catimbados.

Até o Rei Pelé agrediu um uruguaio sem que o juiz visse.

Pelé ficaria marcado mesmo nesse jogo por causa de um dos seus famosos gols que não entraram.

Com a posse de bola dentro da área, o Rei conseguiu ficar frente a frente com o goleiro uruguaio e, sem tocar a bola, passou à esquerda do goleiro, com Pelé correndo para a direita, com o gol vazio a sua frente.

Após o arremate, o zagueiro Ancheta não conseguiu tirar a bola, mas a bola caprichosamente não entra.

A grande decisão

O dia 21 de junho de 1970 ficou para a história.

Final
21/06/1970 – Cidade do México
Brasil 4×1 Itália

No estádio Azteca veríamos o primeiro tricampeão mundial de futebol, e a última vez que a Taça Jules Rimet seria disputada.

A Itália, que havia disputado uma partida intensa contra a Alemanha Ocidental, batizada de Jogo do Século, estava cansada, mas não vendeu barato na decisão.

O primeiro tempo acabou 1×1 (gol brasileiro de Pelé aos 18′, gol italiano de Boninsegna aos 37′), mas o segundo tempo mostrou o futebol brasileiro como nós gostamos de ver.

Gérson marcou aos 66′ e Jairzinho (artilheiro da Copa, marcando em todas as partidas) fez aos 71′.
O último gol, de Carlos Alberto, aos 86′, foi a cara do Brasil na Copa: talentoso, com superioridade física e na bola.

Os cem mil torcedores do Azteca viram a celebração do futebol verde e amarelo. Invasão em campo e o Capita mostrando o que o Brasil levaria pra casa em definitivo!

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Escrete canarinho antes da alegria acontecer em 1970

A maior seleção de todos os tempos. Um futebol que encantou o mundo.

Pena que, em 1983, a Taça Jules Rimet foi roubada da sede da CBF, numa história bem misteriosa.

Até que a FIFA mandou uma réplica depois, mas não se sabe o paredeiro da original.

O título ficou. Ganhamos mais duas vezes (em 1994 e em 2002), mas ainda tentamos voltar a admirar a seleção como quando vemos os jogos de 1970.


Será que vamos voltar a ter essa emoção com a Seleção? Comenta aí!