Após assumir o cargo de presidente da CBF, Samir Xaud prometeu uma reforma substancial no calendário do futebol brasileiro.
Essa promessa já havia sido feita antes, e nunca caímos nessa. Porém, dessa vez foi criada uma expectativa de que a mudança que enxugaria o calendário viria enfim.
Bem, hoje a CBF divulgou esse novo calendário.
E esse post vem explicar cada um deles, e se efetivamente vai ou não mudar alguma coisa.
Calendário inchado
O calendário exaustivo para alguns clubes (muitas vezes ultrapassando a marca de 70 partidas por temporada para alguns que disputam todos os torneios), e ao mesmo tempo vazio para a vasta maioria deles – tendo às vezes só o estadual – é um ponto que barra a evolução do nosso futebol.
Por isso, a intenção da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com esse novo calendário, é tentar equilibrar essa diferença.
Após amplo debate com federações e clubes, chegou-se a um consenso (não quer dizer uma unanimidade).
Na ponta do lápis, o novo calendário reduziria em 15% no número de partidas para a elite, ao mesmo tempo que aumentaria em 26% no número de clubes com divisão nacional.
Além disso, aumentaria o número de clubes em competições CBF (Brasileirão e Copa do Brasil).
Menos estaduais
Porém, a mudança mais drástica – e polêmica – foi nos estaduais.
Historicamente, os estaduais ocupam 16 datas do calendário. A mudança agora é reduzir em 5 datas, para 11.
Além disso, essas datas são mais fixas: entre 11 de janeiro a 8 de março para 2026.
Isso irá mexer com todas as 27 federações, que vão precisar reajustar seus torneios com 30% a menos em datas.
E mexer com as federações era algo impensado antigamente, já que politicamente esse sempre era um ponto delicado e grande impactador no calendário.
Essa é sim uma vitória do presidente Xaud.
Menos Copa do Brasil. E mais Copa do Brasil.
A Copa do Brasil sofreu a mais profunda transformação do calendário, e estrutura e em impacto financeiro.
O número de clubes participantes sairá de 92 para 126 em 2026, e para 128 a partir de 2027.
A competição se estenderá, em 2026, de 18 de fevereiro a 6 de dezembro.
Ao contrário da edição atual, os clubes da Série A, além dos campeões da Copa do Nordeste, Copa Verde, Série C e Série D, entrarão em fases a frente.
Os clubes da Série A entram na 5ª fase. Os outros campeões, na 3º fase.
Além disso, as partidas serão resumidas. Todas as fases, exceto q quinta fase, oitavas, quartas e semifinais serão em jogos de ida e volta.
As quatro primeiras fases e a grande final serão em jogo único. Com a decisão sendo em sedes diferentes a cada ano, e encerrará o calendário nacional.
Formato da Copa do Brasil em 2026
Fase | Clubes | Quem disputa |
Primeira fase | 28 | 28 piores ranqueados |
Segunda fase | 88 | 74 melhores ranqueados + 14 que avançaram |
Terceira fase | 48 | Os 4 campeões Copa do Nordeste, Copa Verde, Série C e D + 44 que avançaram |
Quarta fase | 24 | 24 que avançaram |
Quinta fase | 32 | Os 20 times da Série A + 12 que avançaram |
Oitavas de final | 16 | 16 que avançaram |
Quartas de final | 8 | 8 que avançaram |
Semifinal | 4 | 4 que avançaram |
Final | 2 | Finalistas |
Novos torneios?
Lembram da Copa Sul-Minas e do Torneio Rio-São Paulo, que eram torneios CBF no começo do milênio? Eles “estão de volta”.
Depois da intenção do presidente Edinaldo Rodrigues de extinguir a Copa do Nordeste e a Copa Verde, o novo regulamento garante sua presença, inclusive com novos 2 torneios:
Copa do Nordeste: Aumenta de 16 para 20 clubes e tem as datas reduzidas de 13 para 10.
Copa Verde: Passa por uma reestruturação profunda, com o retorno da Copa Norte e a criação da Copa Centro-Oeste (incluindo Tocantins e Espírito Santo). O título da Copa Verde será disputado em jogos de ida e volta entre os campeões da Copa Norte e Copa Centro-Oeste, aumentando o número total de partidas de 30 para 70.
Copa Sul-Sudeste: É o novo torneio criado, com 12 clubes e um total de 42 partidas, preenchendo o vácuo de uma competição regional abrangente nas regiões mais ricas do país, antes de a elite iniciar o Brasileirão.
Em 2026, as datas reservadas a esses torneios serão entre 25 de março a 7 de junho.
Uma restrição importante foi adotada aos torneios regionais: clubes participantes de competições continentais da CONMEBOL (Libertadores e Sul-Americana) não disputarão esses torneios.
Brasileirão o ano todo
Com esse alívio no calendário, o Brasileirão pode acontecer durante literalmente o ano todo. A Série A começa já em fevereiro, e vai dar uma pausa para as finais dos estaduais e da Copa do Brasil – além das pausas da Copa do Mundo masculina de 2026 e feminina de 2027 (que ocorre no Brasil).
Para 2026, o Brasileirão Série A será entre 28 de janeiro e 2 de dezembro.
Séries A e B mantém seu formato. A segundona, em 2026, ocorre entre 21 de março e 28 de novembro.
A Série C muda drasticamente em 2028: 28 equipes com 2 grupos e 6 descensos. Para 2026, segue tudo igual: início em 5 de abril e término em 25 de outubro.
Para a quarta divisão, uma adaptação para evitar uma Série E. Início em 5 de abril e término em 13 de setembro, mas com 96 clubes classificados em vez de 64.
Serão 6 clubes subindo para a Série C.
Vai resolver?
Samir Xaud, no seu primeiro discurso do evento, salientou que essa foi a principal promessa desde que assumiu, e que é um avanço para o futebol brasileiro:
O processo de elaboração do novo calendário foi amplamente debatido. A CBF ouviu clubes, federações, representantes do mercado, e contou com a colaboração de diversas áreas internas. Aqui, quero especialmente fazer um agradecimento às federações, pela compreensão e parceria. Foi um trabalho coletivo, técnico e transparente. 2026 ainda será um ano de transição, mas toda caminhada precisa de um primeiro passo. Este primeiro passo será dado hoje
Apesar de grandes avanços, colocando mais clubes com divisão nacional e enxugando clubes com calendário inchado, o grande ponto vai ser a conciliação dos estaduais e dos regionais.
2026 e 2027 terão paradas no calendário (como 2025) e, talvez, veremos evolução real desse novo formato somente em 2028.
De qualquer forma, é sim um avanço importante, principalmente por dar datas a clubes menores e “tirar” o poder excessivo das federações estaduais. Se isso vai se manter, só o tempo dirá.
E aí, o que você achou do novo calendário? O nosso RAC em 2027 vai ser agitado, hein? Comenta aí!