O Roubo da Taça Jules Rimet: só acontece no Brasil

O nosso futebol teve uma grande conquista em 1970. Depois do tricampeonato mundial conquistado no México, a Seleção Brasileira recebeu pela terceira vez a posse da Taça Jules Rimet.

E posse definitiva. Ou, pelo menos, era o que se achava.


Carlos Alberto Torres ergue a taça Jules Rimet. O Brasil se tornaria o detentor definitivo do troféu

Em 1983, um fato tão inusitado quanto absurdo nos tirou a Taça do Mundo.

Fato esse que repercutiu mundialmente na época: o roubo do troféu do tricampeonato brasileiro debaixo da fuça da CBF.

Esse post se dedica a relembrar esse fato e o que aconteceu com os envolvidos.

A taça

A Jules Rimet foi criada para ser o troféu do primeiro mundial de futebol, em 1930, no Uruguai.

Simbolizava Niké, conhecida como a deusa grega da vitória.

 

Foi batizada com o nome do fundador, e então presidente da FIFA na época, o francês Jules Rimet.

Antes de ir para a posse definitiva do Brasil, por ter vencido a Copa por três vezes, Uruguai e Itália (2 vezes cada) além da Alemanha Ocidental e Inglaterra (1 vez cada) levantaram esse mesmo troféu.

A taça pesava em média 3,8kg de ouro puro e media 30cm de altura e estima-se que o seu valor era de aproximadamente R$ 370 mil.

O roubo

O roubo da Jules Rimet aconteceu no dia 19 de dezembro de 1983, na sede da CBF.

O grande absurdo, e “falha” causadora do roubo, foi decisão da CBF de deixar a taça original exposta em uma vitrine à prova de balas na sua sede, com uma réplica guardada dentro de um cofre.

Expositor da CBF onde a Taça Jules Rimet estava. Outras 2 taças (também roubadas) estavam lá

Esse fato acabou vazando para Sérgio Pereira Ayres, o Sérgio Peralta, que era representante do Atlético Mineiro na época.

Em 1983, depois de traçar o plano de roubo, Sérgio recrutou dois comparsas: Francisco José Rocha Rivera, o Barbudo, e José Luiz Vieira da Silva, o Bigode.

A quadrilha invadiu o prédio, renderam o vigia noturno, arrombou a moldura e, além de outras três taças, roubaram a Taça Jules Rimet.

Além dos três, Juan Hernández foi indiciado pela polícia tempos depois, após Antônio Setta, o Broa, um dos maiores arrombadores de cofres do Rio na época, “dar uma de X9” dizendo que ele tinha sido chamado primeiro para o serviço, mas acabou recusando.

Hernández era ourives – e argentino – e foi apontado como receptador do roubo e responsável por derreter a taça.

Quando a polícia chegou nos suspeitos, infelizmente, era tarde demais. A taça já havia desaparecido, provavelmente derretida por Juan Hernández.

Em 1989, Peralta, Bigode e Barbudo foram condenados a nove anos de prisão. Hernández nunca foi condenado.

A FIFA, mesmo com a clara irresponsabilidade da CBF ofereceu, em 1986, uma nova réplica da Jules Rimet, e é a que se encontra atualmente com os outros troféus da entidade.

A base original da Taça, substituída em 1954, e reencontrada no porão da sede da FIFA

No entanto, uma “parte” da taça foi encontrada em 2015.

Não da taça roubada, mas da primeira “versão”.

A base do troféu, que foi retirada da taça original em 1954, quando foi feito um novo suporte, foi encontrada na sede da FIFA.

Essa base carrega o nome dos vencedores das quatro primeiras Copas.

Hoje, esse resquício da Jules Rimet se encontra em exposição no Museu da FIFA.

Não foi a primeira vez?

O troféu já havia passado por apuros antes do seu triste “fim”.

Durante a Segunda Guerra, a taça original ficou “desaparecida”.

Temendo que a Alemanha Nazista (ou a Itália Fascista) pegasse o troféu, o vice-presidente da FIFA na época, Ottorino Barassi, removeu a taça do banco em Roma secretamente (já que a Itália era a atual campeã).

Chegou até mesmo a esconder o troféu dentro de uma caixa de sapatos em sua casa.

O troféu também havia sido roubado antes do caso brasileiro.

Em 20 de março 1966, em exposição na cidade de Londres por conta da Copa do Mundo daquele ano, o troféu foi roubado, deslocando a Scotland Yard para reavê-la.

Pickles, cachorro herói que encontrou a Jules Rimet roubada em 1966, recebendo seu prêmio de “ração perpétua”

Foi encontrada por um cachorro chamado Pickles, que farejou o artefato perto de um arbusto, num subúrbio do sul da capital londrina.

O animal ficou famoso no Reino Unido e, como recompensa, recebeu alimentação de graça pelo resto de sua vida.

Curiosamente, conforme citação no livro “Day of the Match”, durante a comoção pelo roubo, um assessor da CBF disse que este “era um sacrilégio que jamais seria cometido no Brasil, onde até mesmo os ladrões eram apaixonados por futebol”.

Pois é, né…

Fonte e Fonte

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