As vinte divertidas mascotes olímpicas

(E sim, amigo(a) geraldo(a), mascote é substantivo feminino!)

Fica difícil imaginar qualquer grande evento esportivo sem a presença das mascotes.


As mascotes olímpicas simbolizam os Jogos para as crianças de todas as idades, tornando-se embaixadores populares e memoráveis da competição.

A lista abaixo exibe, por ordem cronológica, a história de todas as mascotes olímpicas até o momento. Vamos lá?

Waldi (um cão da raça Dachshund) – Munique 1972

Waldi foi a primeira mascote dos Jogos Olímpicos – pelo menos oficialmente.

Ele foi inspirado numa raça de cão bastante popular na região da Baviera, onde Munique se localiza.

No Brasil, ele é conhecido carinhosamente como “salsicha”.

Ele representa os atributos indispensáveis para atletas olímpicos:

  • resistência
  • tenacidade
  • agilidade.

Waldi foi criado pelo designer alemão Otl Aicher.

Aicher também criou o logotipo da companhia área alemã Lufthansa.

A mascote tem a cabeça e a cauda na cor azul-claro. Apresenta listras no corpo representando 4 das 6 cores olímpicas.

Dizem que Aicher deixou 2 cores (preta e vermelha) fora por serem cores usadas pelo Partido Nazista.

Uma curiosidade: o percurso da maratona dos Jogos de 1972 tem um desenho parecido com a silhueta da mascote.

O seu sucesso comercial foi tão marcante que praticamente virou obrigação de cada COL criar a sua mascote olímpica.

Amik (um castor) – Montreal 1976

Nos jogos canadenses, nada como um castor para representar os Jogos.

Para a escolha do nome da mascote, aconteceu um concurso com abrangência nacional.

O escolhido foi Amik, literalmente “castor” no idioma algonquin – idioma comum entre os índios norte-americanos no país.

Amik possui uma faixa vermelha em torno do seu corpo com o emblema dos Jogos, lembrando a faixa que as medalhas possuem.

Ele também tem uma versão com a faixa “colorida”, que representa as cores do Comitê Olímpico Local.

A mascote foi criada por Guy St-Arnaud, Yvon Laroche, e Pierre-Yves Pelletier, sob supervisão de Georges Huel.

Misha (um urso) – Moscou 1980

Provavelmente a mascote olímpica mais conhecida de todas.

Representa o urso, animal popular na região da Rússia (então União Soviética).

Seu nome é, na verdade, uma forma abreviada de Mikhail, um nome masculino comum no país.

Nome esse que costumeiramente no idioma russo também designa ursos.

Misha é um ursinho com um cinto listrado na cintura. Nele estão representados as cinco cores dos anéis olímpicos.

Quem não conhece a mais emblemática cena da história das cerimônias olímpicas, em que a mascote “chora” no encerramento?

Seu criador foi o ilustrador Victor Chizhikov, vencedor em um concurso que contou com mais de 60 participantes.

Misha virou um sucesso estrondoso no país, rendendo uma quantia alta de dinheiro com merchandising, virando até desenho animado na TV.

A crítica na época foi pesada, argumentando que não “remete nenhum sentimento olímpico” como as mascotes anteriores, ou se tornou “infantil demais”.

A verdade e que Misha é uma das mais famosas mascotes de qualquer tipo de evento esportivo.

Isso contrasta fortemente com o boicote dos “países capitalistas” aliados aos EUA aos Jogos nessa época.

Sam (uma águia) Los Angeles 1984

Se a URSS usou um símbolo nacional como mascote, os EUA, sede dos jogos seguintes, não ficaram atrás.

Sam é uma águia careca (ou águia-de-cabeça-branca), ave símbolo dos Estados Unidos.

Uma clara alusão a outro símbolo americano: o Tio Sam. Seu chapéu – assim como o do Tio Sam – simboliza a bandeira nacional.

Só que a mascote inicialmente não seria essa.

Los Angeles fica na Califórnia, logo a ideia inicial era usar o urso – animal símbolo do estado, que até estampa sua bandeira.

O sucesso de Misha, porém, fez com que os planos fossem mudados.

Não somente para impedir uma “repetição” de mascote, mas por conta da disputa com os soviéticos.

O bloco de países que apoiavam a URSS “retribuiu” o boicote dado pelo bloco capitalista 4 anos antes.

Logo, para evidenciar o patriotismo norte-americano, os Estúdios Disney foram convocados.

Coube a Bob Moore, famoso cartunista da Disney e um dos principais desenhistas das revistas do Pato Donald na época, idealizar Sam.

A mascote fez sucesso, mas nada que se comparasse a Misha, o que frustrou o “ego americano”.

Hodori (um tigre) Seul 1988

Para os Jogos de 1988, o COL de Seul usou o tigre, animal presente em artes e nas lendas populares do país.

Seu nome é uma junção de Ho (tigre em coreano) e Dori (diminutivo masculino no coreano), algo como “tigrinho” se fosse no português.

O nome foi escolhido dentre 6 mil nomes enviados pelo público.

Desenhado por Kim Hyun, vencedor de um concurso que recebeu mais de 4 mil inscrições. Representa um tigre siberiano.

Hodori usa uma medalha que representa os anéis olímpicos.

Usa um sangmo, típico chapéu de músicos populares, com uma fita no topo, geralmente sendo retratado desenhando a letra S, de Seul.

Hodori teve sua estreia nos Jogos Asiáticos de 1986, que serviram como evento-teste dos Jogos Olímpicos.

Mesmo extra oficialmente e vista em raras ocasiões, existe uma versão fêmea da mascote, chamada Hosuni – Ho: tigre, Suni: diminutivo feminino.

Cobi (um cachorro) Barcelona 1992

Esse eu aposto que, se você já é “quase do grupo de risco”, deve ter visto um bichinho assim em um desenho na TV Cultura.

Não foi um delírio seu. A mascote de Barcelona teve um desenho animado para divulgação que chegou no Brasil.

Cobi é um cão da montanha dos Pirineus.

Só que Cobi não é uma mascote comum. É estilizado com formas cubistas.

Essa é uma clara inspiração no trabalho do espanhol Pablo Picasso, algo bem diferenciado frente as mascotes anteriores.

O nome é uma alusão ao COOB’92, a abreviatura do Comitê Organizador. Segundo a organização, um nome fácil de pronunciar na maioria dos idiomas.

O seu idealizador foi o desenhista industrial Javier Mariscal, que quis dar um visual moderno a mascote sem deixá-la “fofinha”.

Essa “desconstrução” fez com que Cobi fosse uma das mascotes mais rentáveis de todas, inclusive com o acima citado desenho animado, com alcance global.

Izzy (um… er…) Atlanta 1996

Essa não tem a intenção de ser uma lista de “melhores” ou “piores” mascotes mas, certamente Izzy não estaria na lista de melhores.

Celebrando o centenário dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, os EUA recebem novamente os Jogos e, para Atlanta, me aparecem com…

Bem, não dá pra dizer exatamente o que Izzy é – provavelmente tenha sido essa a intenção graças ao nome original dele, que era “Whatizit”, aglutinação de “what is it?” (“o que é isto?”).

Segundo seus criadores, Izzy é uma criança que vivia em uma cidade dentro da chama olímpica, e que almejava participar de uma edição dos Jogos Olimpicos.

Usando os poderes dos seus aros olímpicos, ele pode transformar-se no que quiser e ter qualquer habilidade esportiva.

A criatividade que sobrou na história faltou ao design de Izzy, que se modificou durante o tempo.

Foi idealizado por John Ryan, animador da DESIGNefx, empresa da cidade de Atlanta.

Na sua apresentação, na Cerimônia de Encerramento dos Jogos de Barcelona-1992, não agradou.

Acabou sofrendo diversas modificações até a versão final.

Assim como Coby, Izzy teve um desenho animado e um jogo baseado no desenho. Só que não fizeram o sucesso esperado.

Olly, Syd e Millie (animais típicos da Austrália) Sydney 2000

A primeira olimpíada do novo milênio teve, pela primeira vez, três mascotes.

Todas sendo representações de animais típicos da Austrália:

  • Olly (abreviação de Olimpíadas): uma kookaburra, uma ave típica local, que representa o elemento ar.
  • Syd (abreviação de Sydney, cidade-sede dos Jogos): um ornitorrinco, e representa o elemento água.
  • Millie (abreviação de Milênio): uma equidna, representando o elemento terra.

As mascotes foram criadas por Matthew Hattan e Jozef Szekeres, que venceram um concurso internacional.

Já os nomes foram idealizados por Philip Sheldon, de uma agência australiana.

O mais interessante é que, comercialmente, a mascote paralímpica fez mais sucesso que o trio olímpico – vamos conhecê-la em um outro post.

Phevos e Athena (bonecos de terracota) Atenas 2004

Pela primeira vez (tirando o erro Izzy) temos mascotes olímpicas que não retratam animais.

Puramente baseado na tradição do berço dos Jogos Olimpicos, as mascotes fazem referência a dois deuses do Olimpo.

  • Phevos” – com a túnica azul, representando o mar: é uma “tradução ao grego moderno” para Febo (ou Phebo), nome romanizado de Apolo, deus da luz e música.
  • Athena” – com a túnica laranja, representando o sol – claramente remete a Atena, deusa da sabedoria e protetora de Atenas.

Os deuses irmãos são representados como bonecos de terracota em forma de sino, chamados “daidala“, datados do século VII a.C.

As mascotes foram idealizados por Spyros Gogos, após recomendação do Museu de Arqueologia Nacional.

Com eles, tentou-se repetir a “desconstrução” feita pelo Cobi em 1992, mas não funcionou.

As mascotes não transmitem o mesmo carisma, não fazendo o sucesso esperado.

Beibei, Jingjing, Huanhuan, Yingying, Nini (fuwas – ou Friendlies) Pequim 2008

Os chineses não economizaram nas mascotes para os Jogos de Pequim.

Temos a maior quantidade de mascotes em uma única edição: cinco.

Eles simbolizam o fogo olímpico e quatro animais símbolo do país.

Chamados de fuwas (tradução em chinês para “bonecos de boa-sorte”) tem, cada um, uma cor do anel olímpico, e representa um elemento da natureza:

  • Beibei – um peixe, em azul, representando a água;
  • Jingjing – um urso panda, em preto, representando a floresta;
  • Huanhuan – o fogo, em vermelho, representando o espírito olímpico;
  • Yingying – o antílope tibetano, em amarelo, representando a terra;
  • Nini – a andorinha, em verde, representando o céu (design inspirado nas pipas chinesas).

Os nomes, com as sílabas repetidas, relembram uma forma tradicional dos chineses de demonstrarem afeto ás crianças.

A ligação das sílabas dos cinco nomes, em ordem (Běijīng huānyíng nǐ) significa, em chinês, “Pequim dá as boas-vindas a você”.

Beibei e Nini são fêmeas, sendo os outros três, machos.

Os Fuwa foram idealizados por Han Meilin. O trabalho deve ter sido árduo pra ele já que, durante a criação, ele sofreu DOIS ataques cardíacos!

Também conhecidos no ocidente “Friendlies” tiveram, antes da configuração final, mais de 1000 modelos possíveis (incluindo um dragão e um tambor).

Os Fuwa tiveram uma série de TV que teve um sucesso considerável, mas provavelmente na própria China.

Wenlock (uma… gota de metal?) – Londres 2012

Para os Jogos de Londres em 2012, o COL decidiu criar uma historinha para justificar o que seriam as mascotes.

Aliás, foi a primeira vez que ambas mascotes olímpicas e paralímpicas foram apresentadas juntas.

Segundo o idealizador, o escritor infantil Michael Morpurgo, uma gota de metal da última viga fixada no Estádio Olímpico criou as mascotes.

Sua pele metálica é o mais polido possível que um metal pode ser, e reflete a personalidade das pessoas que o encontra.

O seu “olho” na verdade é uma câmera, e possui luzes amarelas na cabeça, relembrando os taxis londrinos.

O nome é uma homenagem a Much Wenlock, cidade inglesa que fundou, em 1850 uma “Sociedade Olimpiana”.

Essa sociedade desejava reavivar os Jogos Olímpicos da Antiguidade.

Dizem que, em 1890, Barão de Coubertin em pessoa assistiu uma competição “olimpiana” organizada em Much Wenlock.

Logo após, se inspirou para a criação Olimpíada da Era Moderna.

Os três “buracos” em sua cabeça representam os três locais do pódio, enquanto o formato da sua cabeça relembra o próprio Estádio Olímpico.

Uma das mascotes com mais significado dessa lista, e o primeiro “não animal” em que acertaram a mão.

Vinicius (um macaco?) Rio 2016

A mascote que representa o Brasil nessa lista não poderia ter sido melhor escolhido – tanto sua aparência quanto seu nome.

Vinícius é uma homenagem ao famoso compositor Vinicius de Moraes.

Aclamado mundialmente pelo fenômeno da Bossa Nova e por “Garota de Ipanema”, música composta por Vinicius e Tom Jobim – que aliás, batiza a mascote paralímpica.

Representa a fauna selvagem brasileira: “a agilidade dos gatos, o balanço dos macacos e a graça dos pássaros”.

Tal qual um outro macaco famoso na cultura popular, os braços e pernas do Vinícius podem se esticar.

De acordo com a sua historinha:

“sua missão é de espalhar alegria em todo o mundo e celebrar a amizade que floresce entre pessoas de todo o mundo nos Jogos Olímpicos”.

Ele – e Tom – nasceram com a alegria da comemoração da escolha do Rio para receber os Jogos Olímpicos.

A escolha das mascotes foi feita através de concurso, sendo vencido pelo estúdio Birdo, empresa de animação baseada em São Paulo.

As mascotes tiveram desenhos animados curtos de 2min no Cartoon Network antes e durante o período olímpico.

Durante os Jogos, um boneco de pelúcia do Vinicius foi usado como indicação de desafio dos treinadores de Luta Livre para questionar decisão do árbitro.

No regulamento da Luta Livre, não especifica-se a forma desse objeto, apenas que ele deve ser um “objeto suave”.

Um jornalista da Associated Press escreveu na época:

“[A pelúcia da mascote] já levou a alguns momentos divertidos em que um treinador, enfurecido com uma decisão contra seu lutador, teve que pegar um pequeno bicho de pelúcia e jogá-lo através do tapete para chamar a atenção do árbitro.”

Miraitowa (um robô) Tóquio 2020

A mascote da atual edição dos Jogos não é um animal, só que não é medonho ou esquisito (né, Izzy?)

Através de um concurso com 2.042 desenhos enviados por moradores do Japão, foi escolhida a aparência da mascote olímpica (juntamente com a paralímpica).

Logo após, em votação popular, várias duplas foram colocadas para a escolha definitiva.

Os mascotes são de autoria do artista Ryo Taniguchi.

Por causa do acordo assinado na ocasião do concurso, os direitos de imagem das mascotes pertencem exclusivamente ao Comitê Olímpico e Paralímpico.

Ou seja, ele não recebe um tostão de merchandising das mascotes…

O nome da mascote olímpica, o robô Miraitowa, junta as palavras “mirai” (futuro) e “towa” (eternidade), representando a mensagem de tradição e modernidade.

Sua pintura se assemelha ao padrão empregado nos logos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

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Quer seja por simples marketing ou por tradição, as mascotes são um fator esperado na escolha das sedes olímpicas.

Ficamos ansiosos aguardando o que Paris (em 2024) e Los Angeles (em 2028) reservam.

E s e o(a) amigo(a) geraldo(a) sentiu falta das versões paralímpicas, não se preocupe! Em breve tem postagem só para elas!

Qual dessas mascotes listadas no post você curte mais? Não conhecia alguma delas? Comenta aí!