Em 2008, o sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, membro da família real dos Emirados Árabes Unidos, criou o Abu Dhabi United Group.
Esse grupo foi um “facilitador” para a compra do Manchester City, mas não ficou só nisso.
Nesse post, vamos elencar quais clubes – e quais países – tem a presença do grupo.
E também vai saber porque isso dificilmente acontecerá no Brasil.
Colocando o Manchester City no mapa do futebol
Criado em 1880, o Manchester City, até o ano de 2008, havia sido campeão inglês apenas duas vezes, com a última na temporada 1967-68.
O seu último titulo de elite tinha sido a Copa da Liga Inglesa, na temporada 1975–76.
Enquanto vivia uma seca de títulos – e até rebaixamentos – os Citzens viam o seu rival de cidade, o United, sendo campeão de tudo na Inglaterra, na Europa e no mundo.
Após a compra, tudo mudou.
Todos os departamentos foram reestruturados, o estádio foi modernizado (passando a ser conhecido como Etihad Stadium).
Tudo para tentar alavancar não só o time em campo, mas fora dele também.
E o investimento foi pesado.
Desde 2008, já comandaram o clube Mark Hughes, Roberto Mancini e Manuel Pellegrini.
Atualmente, Pep Guardiola é o treinador.
Para o time, Robinho, Tévez, Yaya Toure, Samir Nasri, David Silva entre outros, foram contratados.
Atualmente, o clube tem como destaques Fernandinho, Kun Aguero, Kevin De Bruyne, Gabriel Jesus, dentre outros jogadores.
O investimento funcionou e, desde a temporada 2011–12 (onde voltou a vencer o campeonato inglês), virou favorito em todos os torneios que entra.
Após 2008, o City conseguiu:
- 4 títulos da Premier League (e se encaminha para o 5º na temporada 2020-2021)
- 2 títulos da FA Cup
- 5 títulos da Copa da Liga Inglesa (com um provável 6º título a caminho)
- 3 títulos da Supercopa da Inglaterra
Agora, briga por destaque internacional, já que ainda não conseguiu o título da Champions League “obsessão”…
Filiais do City Group
Quatro anos após o início do grupo, foi criado o City Football Group, holding responsável pela “expansão” do grupo mundo á fora.
EUA
A primeira delas foi a MLS, liga de futebol dos Estados Unidos.
O New York City Football Club, sediado em Nova York, entrou na MLS em 2013.
O negócio foi uma parceria entre o Grupo City e o NY Yankees, grande franquia de baseball. Inclusive, o time manda seus jogos no lendário Yankee Stadium.
As grandes contratações do time foram David Villa, Andrea Pirlo e Frank Lampard.
Até hoje, o máximo que o NY City conseguiu foi chegar a semifinal de conferência na MLS, mas já chegou a disputar a Concachampions na temporada de 2020.
Austrália
Um ano depois, o CFG chega na Austrália.
Dessa vez, o grupo adquiriu um clube já existente, ao contrário do que houve nos EUA, em que um clube foi criado do zero.
O “felizardo” foi o Melbourne Heart. Fundado em 2009, nunca havia se destacado no futebol local mas, após a aquisição, foi campeão da Copa da Austrália em 2016.
A mudança foi grande. Passou a se chamar Melbourne City FC, e mudou seu escudo e cores (antes era vermelho e branco, agora, passou a adotar o mesmo azul do City “original”).
Japão
A expansão chegou no Japão ainda em 2014, com a aquisição de 20% das ações do Yokohama F. Marinos, um dos clubes mais tradicionais do país.
Os 80% restantes dasa ações ficam com a fabricante de automóveis Nissan.
O aporte do CFG ajduou o time no título da J-League em 2019 (já havia sido campeão da competição em outras 3 oportunidades antes de 2014).
O desejo é, assim como o time de Manchester, ter mais sucesso continental, já que nunca venceu a AFC Champions League (chegou a ser vice na temporada 1989-1990).
Uruguai
O CFG chega a América do Sul em 2017, quando adquire o Clube Atlético Torque, fundado 10 anos antes em Montevidéu.
Em 2020 o clube – assim como ocorreu com o Melbourne Heart – ganhou uma repaginada no uniforme e escudo (bem parecidos com o City original), bem como na estrutura do clube.
Nos 3 anos antes disso, o time precisou voltar a elite do futebol uruguaio subindo de divisão.
Em 2020, não só voltou a elite como conseguiu vaga para a primeira fase da Copa Sulamericana de 2021.
Espanha
Graças a uma dica do irmão de Pep Guardiola, o CFG adquiriu, em 2017, parte do Girona, clube catalão.
Assim que chegou, o time conseguiu o inédito acesso a elite do futebol espanhol. Só que o clube caiu novamente, e está na segundona atualmente.
O CFG tentou emprestou jogadores com contrato firmado com o City para tentar alavancar o time, mas ainda não surtiu o efeito esperado.
No entanto, a parceria trouxe um título: a Supercopa da Catalunha de 2019, em cima de ninguém menos que o Barcelona.
China
Em 2019, o CFG chegou na China e adquiriu parte do Sichuan Jiuniu F.C.
Administra junto à UBTECH Robotics e China Sports Capital.
O clube atualmente está na Liga Dois da China, o equivalente à terceira divisão nacional.
Porém, por causa de uma reclassificação realizada pela federação chinesa após a suspensão de várias equipes, o time foi “elevado” a segundona local.
Índia
Continuando a expandir seu mercado pela Ásia, chegou a vez da Índia.
Também em 2019, o CFG adquiriu parte do Mumbai City, que disputa a Superliga Indiana.
Fundado em 2014, tinha como gerente o ator de Bollywood Ranbir Kapoor.
Com o CFG sendo majoritário no comando do clube, o Mumbai City – que não havia conquistado títulos até então – venceu a Superliga Indiana da temporada 2020-21.
Belgica
Os negócios não pararam nem na pandemia.
Fundado em 2003, o Lommel SK disputa atualmente a segunda divisão belga.
De acordo com o CFG, essa aquisição “servirá para pinçar jovens talentos que poderão render grandes quantidades de dinheiro no futuro”.
Bolívia
A mais recente iniciativa do CFG foi a parceria com o Bolívar, maior vencedor da Bolívia.
Ao contrário da maioria dos negócios, os bolivianos farão parte do grupo como parceiros.
Pagarão para consultoria da empresa, além de terem direito a acessar a plataforma de dados e insights de todos os clubes do grupo.
O CFG irá ajudar o Bolívar a aumentar suas receitas de parcerias, bem como melhorar a infraestrutura do time.
A troca de jogadores não acontecerá num primeiro momento, mas é possível.
Os planos do Bolívar são de voltar a ter a hegemonia local e fazer barulho na América do Sul.
Fora do país, foi vice-campeão da Copa Sul-Americana em 2004. Já pela Libertadores, foi no máximo semifinalista.
França
Ainda em 2020, o 10º clube do CFG foi divulgado, e vem da França.
Atualmente na Ligue 2, segunda divisão do Campeonato Francês, o Espérance Sportive Troyes Aube Champagne foi criado em 1900.
Tem como grande conquista a extinta Copa Intertoto da UEFA de 2001.
Conquistou o título da Ligue 2 em 2014-15, mas foi rebaixado no ano seguinte da Ligue 1.
E no Brasil?
Por ter adquirido um clube no Uruguai e firmado parceria com outro na Bolívia, muitos se perguntam se o CFG estaria de olho em algum clube brasileiro.
A questão parece mais envolver o “atraso” dos nossos clubes com relação a virarem empresas.
Entrevistado pelo Blog Lei em Campo do UOL, Pedro Trengrouse, advogado e professor da FGV, tenta enxergar os motivos do CFG não ter investido aqui em um clube:
“Enquanto clubes não forem empresas no Brasil, praticamente não há investimento possível. Só como ilustração, nesse ano de 2020 um total de 20 clubes nas duas principais divisões de França, Inglaterra, Portugal, Bélgica, Dinamarca, Holanda e Suíça trocaram de dono, mais da metade para investidores americanos com negócios na Europa”
[Os nossos clubes] Agora estão ficando ultrapassados também na América do Sul.
Colômbia, Chile, Uruguai, Venezuela, Peru e Bolívia já têm mais clubes-empresas que o Brasil e por isso estão recebendo investimento internacional”.
No entanto, para o advogado Leonardo Motta, autor do livro “O mito do clube-empresa”, também entrevistado pelo Blog Lei em Campo, o problema vai muito além de simplesmente não haver tantos clubes-empresa:
“A falta de interesse político (abraçar o projeto ‘Brasil’) e a complexidade em que o mercado brasileiro está inserido, que é muito maior que qualquer outro país da América Latina, são alguns dos empecilhos que desestimulam o investimento. A desorganização do futebol brasileiro também contribui para isso”
Se os clubes brasileiros não interessam o CFG, a coisa é bem diferente quando falamos de jogadores.
No elenco do City, o principal time, Fernandinho, Ederson e Gabriel Jesus são titulares, e jogadores de Seleção.
Recentemente, o grupo firmou contrato com jogadores brazucas, como Vinicius Souza e Caio Roque do Flamengo e o volante Diego Rosa, revelado pelo Grêmio.
…mas aí veio o Bahia!
Depois de muita negociação, o Bahia se tornou mais um clube no Grupo City, seguindo a nova onda das SAF no nosso futebol.
De ir fazer pré temporada lá na Inglaterra e tudo!
Claro, ainda mantendo sua identidade visual intacta, mas recebendo toda a assessoria do City, bem como auxilio nas negociações.
A verdade é que, com ou sem clube-empresa, iniciativas como o CFG passam longe dos clubes do nosso futebol.
Se isso é bom ou ruim, só o tempo e a “competência” dos nossos dirigentes dirá.
Que clube brasileiro você acha que poderia entrar nesse grupo? Comenta aí!