Países que estarão nas Olimpíadas e que mudaram de nome

Guerras, neocolonizações e independências mudaram o cenário dos países, o desenho dos continentes e o rumo político das nações.

Isso se refletiu, claro, no esporte.

Na busca por identidade, as nações tentam se reorganizar internamente, e querem esse reconhecimento adquirido “dentro do país” pelas outras nações.

Daí a questão de mudança de nome aparece. Não é comum um país mudar de nome, principalmente numa época como a nossa, de pós guerra-fria, que dissolveu muitos países – URSS, estou falado com você.

As bandeiras de todas as nações filiadas a ONU na sede da entidade em Nova Iorque

Só que não é tão simples ter o novo nome reconhecido internacionalmente.

Para que uma mudança de nome seja reconhecida, por exemplo, é preciso enviar para a ONU a nova grafia nas suas seis línguas oficiais.

Assim, esses nomes serão registrados no banco de dados dos Nomes Geográficos Mundiais.

A partir disso, a ordem alfabética das cadeiras dos representantes é ajustada para o novo nome.

Isso se reflete em alguns territórios ditos independentes que não são reconhecidos nem pela ONU e nem pelo COI (o que dá pano pra manga em outro post).

No COI a coisa é “mais leve”, mas eles obviamente aguardam a decisão de órgãos oficiais para a mudança, até porque o COI adota siglas oficiais de 3 letras para cada país.

Por exemplo, somos, obviamente, o BRA.

Abaixo temos quatro países que, desde os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mudaram a forma como querem ser chamados internacionalmente, e serão chamados de outra forma na parada das nações e nos pódios de Tóquio:

Holanda => Países Baixos

Seleção neerlandesa, medalha de ouro no voleibol masculino nos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996.

Em diversos idiomas, o país já é chamado como “Países Baixos”. No entanto, há o hábito (como aqui no Brasil) de chamá-lo de HOLANDA.

Na verdade, o termo Holanda e refere somente a parte mais rica e populosa do país.

Ao mudar “oficialmente” o nome do país para Países Baixos, o governo neerlandês (esse seria o “novo” gentílico) deseja, dentre outras coisas, acabar com a superlotação da capital, Amsterdã, incentivando os estrangeiros a conhecerem o interior do país.

Será feito todo um reposicionamento global de marketing por parte do governo para que o novo nome do país pegue.

O COI, já para as Olimpíadas, já irá deixar de mencionar Holanda quando se referir aos Países Baixos.

O país com “novo” nome é tradicional nos Jogos Olímpicos: 26 edições disputadas, 285 pódios (85 ouros, 92 pratas, 108 bronzes).

Suazilândia => Essuatíni

População em festa após a convocação real para o anúncio da mudança de nome da Suazilândia

Essa troca ocorreu em 2018, durante a comemoração dos 50 anos de independência do país.

O rei Mswati III decidiu trocar o nome do país, que passou a ser chamado de Reino de Essuatíni (ou Eswatini).

O novo nome do país significa “terra dos suazi” (ou – pasmem – Suazilândia) na língua local.

A Suazilândia já participou de 10 edições de Jogos Olímpicos, sem nunca ter subido ao pódio.

Um detalhe: propositalmente colocamos a grafia na linguagem “ocidental”, pois o nome correto do país é eSwatini – sim, começando com minúscula.

Ao contrário da tratativa de nome próprio que estamos acostumados, essa escrita é muito comum em línguas bantus, que são faladas em vários países africanos, em especial nos da área subsaariana.

Macedônia => Macedônia do Norte

Um longo conflito político que ocorria entre a Macedônia e a Grécia (que também possui uma região em seu território como o nome de Macedônia) foi resolvido pelo governo macedônico (o do país, não o do estado grego) ano passado.

Através de um plebiscito local, a população decidiu que o país se chamaria Macedônia do Norte, diferenciando o mesmo da região grega.

Lembrando que a antiga Macedônia (que, por causa do conflito com a Grécia, era chamada nas Olimpíadas como “Antiga República Iugoslava da Macedônia”) fazia parte da antiga Iugoslávia até a sua independência em 1991.

A República da Macedônia participou até agora de 6 edições de Jogos Olímpicos, subindo ao pódio uma única vez: bronze em Sydney 2000.

República Checa => Tchéquia (ou Chéquia)

O governo checo pediu formalmente a ONU, em 2016, para que o país deixasse de ser conhecido como República Checa, e passasse a ser Chéquia.

A justificativa foi para promover a identidade do país, que era unido a Eslováquia até o fim da Guerra Fria, onde era chamada de Tchecoslováquia.

E, como sabemos, a Eslováquia se chama ainda de, bem, Eslováquia.

Apesar da ONU ter sancionado o pedido, o novo nome ainda “não pegou” – nem no COI, que ainda chama o país com “o nome antigo”.

Como República Checa, disputou 6 edições de Jogos Olímpicos, e subiu 56 vezes no pódio: 15 ouros, 17 pratas e 24 bronzes.


Fonte e Fonte

Eu vou ter muita dificuldade em passar a chamar Países Baixos e Chéquia. E você?