Com o surto do Covid-19 – uma variante de coronavírus – que partiu da China e se espalha pelo mundo, a apreensão é geral.
Apesar da taxa de mortalidade do vírus ser comparado a uma gripe comum, a sua taxa de contágio se assemelha a de grandes surtos globais.
Por causa do surto do coronavírus atual, muitos eventos esportivos ou tem grandes ameaças de cancelamento/adiamento ou foram efetivamente cancelados ou adiados.
Já foram suspensas competições nacionais e internacionais na China previstas nos primeiros meses do ano, como por exemplo o Mundial de Atletismo de Nanquim, em março.
A Fórmula 1 já afirmou que o GP da China, marcado para 19 de abril em Xangai, não acontecerá nessa data. O problema é saber se a prova ainda acontecerá.
O mesmo ocorreu com a prova da China da Fórmula E.
Até mesmos os outros GPs que ocorrem nesse primeiro semestre na Ásia/Oceania (Austrália, Vietnã e Bahrein) estariam ameaçados.
A Superliga chinesa de futebol também está suspensa até segunda ordem. O grupo Oceania da Fed Cup da Ásia, que aconteceria em Dongguan, perto de Hong Kong, foi movido para Nur-Sultan, Cazaquistão, antes de finalmente ser adiado.
O grande evento esportivo do ano, os Jogos Olímpicos de Tóquio (de 24 de julho a 9 de agosto), está sim ameaçado.
Apesar da preocupação – já que existem casos confirmados no Japão – o Comitê Local espera que, com o Verão no hemisfério norte, o surto possa reduzir seu ímpeto.
Vários eventos classificatórios para as Olimpíadas que aconteceriam no Leste Asiático foram realizados em outro lugar ou suspensos.
Exemplos: basquete feminino (de Foshan, China, para Belgrado, Sérvia), boxe (as eliminatórias da Ásia e Oceania trocaram Wuhan por Amã, Jordânia) e futebol feminino (um torneio classificatório entre seleções da China, Austrália, Taiwan e Tailândia foi transferido de Wuhan para a Austrália).
Toshiro Muto, chefe do comitê organizador de Tóquio 2020, mostra preocupação:
“Estou muito preocupado com a propagação do coronavírus. Pode afetar o ambiente e o impulso para a organização dos Jogos. Espero que isso seja resolvido o quanto antes”
Não é a primeira vez
Grandes eventos – como os Jogos Olímpicos, que ocorrem no Japão, em julho – aglomeram gente de todo o mundo, o que poderia ser vetor para tornar efetivamente o Covid-19 numa epidemia global.
Não é a primeira vez, no entanto, que eventos esportivos importantes foram cancelados, adiados ou sofreram ameaça disso por conta de grandes surtos.
Zika Vírus
Caso bem parecido com o que acontece em Tóquio ocorreu aqui com a gente no Brasil. Em 2016, um surto de Zika Vírus assolou o Brasil, trazendo mortes e casos de microcefalia em bebês.
Inclusive nessa época do ano muitos veículos de imprensa de fora do país afirmavam que os Jogos não aconteceriam, inclusive com manifesto de médicos e tudo.
Alguns atletas chegaram a ventilar a não vinda ao Brasil mas, conforme o tempo foi passando, alguns voltaram atrás.
Astros do golfe, por exemplo, afirmaram que não viriam mesmo ao Brasil, mesmo com as garantias de que o pior já havia passado. Isso fez com que o evento – que voltava ao calendário olímpico depois de 112 anos – ficasse esvaziado de grandes astros.
A maior polêmica nesse sentido, contudo, foi de uma jogadora de futebol. A goleira Hope Solo, dos Estados Unidos, chegou a anunciou a desistência da disputa, mas depois voltou atrás.
Antes de vir ao Rio, ela fez uma postagem em uma de suas redes sociais ridicularizando a situação do Zika Virus no Brasil, o que não pegou bem para o público brasileiro.
Tanto que, durante os jogos dos EUA no futebol feminino, os tiros de meta de Solo eram “elogiados” assim pelo torcedor brazuca.
Como vimos, não houveram grandes problemas com relação ao Zika Vírus e os Jogos Olímpicos do Rio, que ocorreram normalmente.
Gripe Aviária
Outro evento que teve seu cancelamento cogitado foi a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. Tudo por conta de um surto de Gripe Aviária na Europa.
O H5N1 era a variação da doença que se originava em aves e, ao contaminar os seres humanos, tinha uma elevada taxa de letalidade.
Faltando 100 dias para o evento, não se sabia se o Mundial realmente aconteceria, já que o surto ainda era uma realidade.
Joseph Blatter afirmou, há poucos meses da Copa que, caso o surto virasse pandemia (ou seja, virasse global), a Copa seria cancelada.
Porém, o torneio foi realizado normalmente, terminando com o triunfo italiano na decisão sobre a França.
SARS
No final de 2002, o mundo se viu alarmado com uma epidemia surgida bem parecida com o Coronavírus atual: o SARS (sigla em inglês para síndrome respiratória aguda grave).
Nascida no sudeste asiático, ela causou morte e temor. Até maio de 2003, o vírus infectou cerca de 8.500 pessoas em 30 países, e mais de 800 pessoas morreram.
A FIFA estava com problemas, já que a Copa do Mundo Feminina de 2003 aconteceria justamente em território chinês.
Com medo de um novo surto em pleno tempo da Copa, a entidade máxima do futebol decidiu trocar a sede: para os EUA – que receberam a última edição.
No entanto, os chineses receberam a promessa da FIFA de estarem qualificados para aquele mundial sem ser a sede, e que receberiam a edição seguinte, em 2007.
Conforme prometido, o campeonato ocorreu na China em 2007 – aliás, a única vez que nossa Seleção chegou a final de uma Copa feminina.
E aí, será que os Jogos Olímpicos estão em risco por conta do novo Coronavírus? Comenta aí!