Perfil AG: Maradona

Contar a história de grandes estrelas do esporte mundial é o objetivo dessa coluna.

Vamos contar a história de um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, que infelizmente deixou de ser mortal para virar lenda vítima de uma parada cardiorrespiratória.


Seu talento lhe deu ares de divindade por alguns mais apaixonados fãs, tanto que até criaram uma igreja dedicada a ele!

É com certeza um dos mais influentes argentinos da história.

Esportivamente, se compara a Juan Manoel Fangio, pentacampeão mundial de Fórmula 1 (inclusive, ele e Maradona são os únicos esportistas a serem velados na Casa Rosada, sede do Governo Argentino).

Conduziu a Argentina, com elencos menores em comparação ao de 1978, a duas decisões de Copas, sendo campeão em uma delas.

A AFA até chegou a cogitar aposentar a camisa 10 por conta de Maradona, mas a FIFA recusou.

Conheça um pouco mais da história de Diego Armando Maradona!

Início da carreira

Nascido em Lanús, Argentina, em 30 de outubro de 1960, foi descoberto aos 8 anos pelo Argentino Juniors.

Seu talento já era notável na época. Nas preliminares do clube profissional, a torcida ia somente para vê-lo jogar nas categorias de base.

Quando chegou ao time profissional, não saiu mais. Seu talento foi reconhecido quando, aos 17 anos, foi convocado pela primeira vez a seleção da Argentina.

Porém, um ano depois (quando o país recebeu a Copa do Mundo), foi cortado da relação final, o que causou muita polêmica, já que, nesse mesmo ano, ele foi o artilheiro do campeonato nacional pela primeira vez.

Em 1980, depois de ser artilheiro do argentinão novamente, e eleito melhor jogador sulamericano, repetiu a dose e quase guiou o clube ao seu primeiro título nacional.

Após isso, foi emprestado para o Boca Juniors, o seu time de coração.

Como homenagem ao jogador, o nome do estádio do Argentino Juniors mudou de nome para Estádio Diego Armando Maradona.

O rápido período pelo Boca Jrs

O primeiro jogo de Maradona pelo Boca foi justamente contra o Argentino Juniors. E atuou pelas duas equipes nesse amistoso.

Uma das cláusulas do empréstimo para o Boca exigia que Diego não jogasse contra o seu ex-clube (algo bem comum hoje em dia, aliás).

O Boca, essa época, abusou de excursões a amistosos, arrecadando fundos e difundindo a “Diegomania” que começava a tomar conta do país.

Em 1981, Maradona participou do título metropolitano. Era a primeira conquista do time em cinco anos.

Deixou o clube durante a disputa do campeonato argentino, quando foi suspenso pela AFA na semifinal contra o Velez. Seu próximo clube seria o Barcelona, às vésperas de sua primeira Copa.

A primeira Copa

Sua aventura espanhola, no entanto, começou na Copa do Mundo, em 1982. Atual campeã, a Argentina tinha no papel um time melhor do que o vencedor de 1978.

Sua estreia foi um espancamento coletivo belga sobre ele, que venceram por 1×0.

Seu primeiro gol foi no jogo seguinte, vitória por 4×1 sobre a Hungria (marcou duas vezes).

Por causa do regulamento absurdo, acabou caindo na segunda fase justamente contra dois favoritos ao título: Brasil e Itália.

As derrotas para Itália e Brasil eliminaram os atuais campeões do Mundial, não sem sair com um cartão vermelho no último jogo, contra o Brasil, após agressão em Batista. Anos depois, ele confessou que queria acertar Falcão, mas se confundiu.

No Barcelona

Assim como quando o Boca Jrs o contratou, o Barcelona vivia uma seca de títulos, via seu rival ampliar seu poderio e enxergava o outro time de Madrid (o Atlético) encostando em conquistas.

Por isso, fez de tudo para que Maradona se sentisse “em casa”, com vários argentinos contratados como assessores e funcionários.

Tanta adulação deu muito errado. No fim de 1982, pegou hepatite, ficando de fora por três meses. Com isso, o Barça terminou em quarto no Espanhol.

No entanto, não deixou de ser genial. Na decisão da Copa do Rei daquela temporada, decidiu a final contra o Real Madrid, marcando nos dois jogos da decisão, sendo aplaudido de pé pela torcida do arquirrival.

Na temporada seguinte, o “quase”. Uma fratura no tornozelo o tira da temporada por mais de 3 meses. O Barcelona foi derrotado pelo Bilbao no espanhol e na Copa do Rei, com direito a confusão generalizada protagonizada por Diego.

Seu péssimo relacionamento com a diretoria somado a suspensão de 3 meses por conta da confusão na Copa do Rei abreviou a passagem dele na Espanha.

No entanto, chegaria a vez de uma das maiores idolatrias do esporte acontecer.

Início na Itália

Time tradicional, mas sem muitos títulos importantes além de duas Copas da Itália. Esse era o Napoli na época que Maradona chegou lá.

Foi recebido como rei em Nápoles. Disse Diego sobre esse dia, em que o Estádio San Paolo veio a baixo com sua chegada:

Fiz o que me recomendaram: falei “Buonasera, napoletani. Sono molto felice di essere con voi.” e chutei a bola nas arquibancadas. Eles deliravam e eu não entendia nada[23]

na primeira temporada de Maradona no clube, o Nápoli ficou em oitavo. Na segunda, terceiro.

A Copa de 1986 – a consagração

Ainda sem mostrar o status de divindade no Napoli, Maradona foi com a seleção argentina para a Copa de 1986, no México, e como capitão.

A primeira fase foi invicta, empatando com a Itália (com gol de Maradona) e vencendo Coréia do Sul e Bulgária.

Enfrentou o Uruguai nas outavas. Segundo o próprio Maradona, a melhor partida de sua vida. Foi uma vitória magra, por 1×0.

O jogo seguinte, no entanto, é para muitos, a melhor atuação de um jogador em Copas. Num jogo que envolvia muito mais que uma vaga na semifinal, Argentina e Inglaterra jogavam num clima tenso por conta do recente conflito entre os países pelas Ilhas Malvinas.

O primeiro tempo foi sem gols, mas no segundo, Maradona mostrou bem sua dualidade que perdurou por toda sua carreira.

Primeiro, marcou um gol enganando a arbitragem, socando a bola completando cruzamento em dividida com o goleiro inglês, como se estivesse cabeceando. O gol foi válido, e conhecido para sempre como “La Mano de Dios“.

Contrastando com o “lado trapaceiro”, Maradona ampliou com uma jogada genial, uma das mais incríveis da história das Copas, quando, de antes do meio campo, recebe a bola, dribla quase o time inteiro da Inglaterra e arremata para entrar para a história.

Classificado para as semifinais, revanche contra a Bélgica. Resultado, mais dois lindos gols de Maradona, e Argentina na final.

Mesmo sem marcar gols, foi decisivo ao dar a assistência para o gol do título, o desempate em 3×2 sobre a Alemanha.

Capitão do time, ergueu a Taça FIFA, sendo ovacionado na festa do título no Azteca, assim como Pelé foi 16 anos antes.

Divindade também no Napoli

A consagração veio na temporada 1986/1987 – com Maradona já aclamado como um dos melhores jogadores do mundo, o Nápoli conquistou seu primeiro título na Série A, além de voltar a vencer a Copa da Itália.

Em 1988/1989, fazendo dupla com o brasileiro Careca, Maradona quase leva mais um título da Série A, mas conseguiu o primeiro título continental do clube, a Copa da UEFA (atual UEFA Europa League).

Na temporada seguinte, mais um scudetto no Napoli, contra um poderoso Milan. Maradona era o dono de Napoles e da Itália, por que não dizer.

Tanto que ele chegou a pedir ao povo napolitano para torcer para a então campeã mundial Argentina, e não para a Itália, na Copa de 1990, que seria no país.

Isso causou uma polêmica grande no resto do país. Muito agravado pela eliminação dos italianos nas semifinais da Copa, justamente contra os argentinos, e justamente em Nápoles.

Na final, contra a Alemanha, o hino argentino foi vaiado por todo o Estádio Olímpico de Roma, causando irritação em Diego, que notadamente xinga a torcida quando a câmera o foca.

Além de perder a decisão do Mundial na Itália, esse causo irritou demais Maradona.

D10s ou um mero mortal?

Na temporada seguinte, ainda no Napoli, queda precoce na Liga dos Campeões, e o primeiro grande escândalo de sua carreira: foi pego no exame antidoping – positivo para cocaína, evidenciando seu vício em drogas (segundo Diego, desde quando jogava na Espanha).

Anos depois, o presidente do Napoli na época afirmou que declararia que Diego havia sido “salvo” em exames anti-doping anteriores pois, quando era sorteado, as amostras de urina eram forjadas com a urina de jogadores “limpos”.

E daí foi ladeira a baixo: por sua ligação com a máfia napolitana, foi suspendo por 15 meses. No mês seguinte a suspensão, é preso em Buenos Aires sob efeito de drogas.

Maradona decide deixar o clube em 1992, causando uma batalha judicial ainda mais desgastante.

Conseguiu se transferir para o Sevilla, onde Carlos Billardo – treinador argentino campeão mundial em 1986 – era o treinador.

A passagem dele por lá, porém, durou apenas uma temporada. Acima do peso e com desconfiança da diretoria (que colocou detetives em seu encalço), se desentendeu com Billardo, voltando para a Argentina para jogar no Newell’s Old Boys.

Só conseguiu fazer cinco jogos pelo clube, por conta de sérias lesões musculares.

A Copa 1994

Parecia que ele iria encerrar a carreira antes mesmo da Copa do Mundo de 1994, mas uma recuperação fisica incrível o colocou em condições de disputar o seu quarto Mundial.

No entanto, após o jogo contra a Nigéria mas um novo exame antidoping desmascararia a ação dele: a proibida substância efedrina, droga usada para emagrecer, foi que ajudou Diego a voltar a “boa forma”.

A FIFA decidiu puni-lo por mais quinze meses de banimento, encerrando sua passagem em Copas do Mundo.

Ao retornar da punição, voltou ao Boca Juniors e fez dupla com Claudio Caniggia, seu amigo.

Mesmo com a dupla funcionando muito bem, o Boca sempre ficou no quase nos campeonatos que disputou (com Maradona disputando poucas partidas). Viu, por outro lado, seu arquirrival River Plate conquistando tudo.

Em 1997, fez sua última partida profissional pelo Boca após novo exame anti-doping positivo.

Após a carreira de jogador

Por causa do seu vício em drogas, causou polêmicas diversas no seu pós-carreira.

Ele chegou a ser barrado ao tentar ir ao Japão assistir o Boca Juniors na decisão do Mundial de Clubes em 2000. As autoridades japonesas alegaram o seu vício como causa.

2000 foi um ano agitado, em que ele, em tratamento contra as drogas em Cuba, agrediu jornalistas. Além disso, quase morreu de overdose e, logo depois, em um acidente de carro, em que escapou ileso.

Só que, em 2000, a FIFA o indicou como o melhor jogador do século pela FIFA por votação na Internet.

Pelé, nessa mesma premiação, recebeu o mesmo prêmio, mas por escolha dos jornalistas.

Em 2004, mais uma crise de abstinência que quase o mata. Chegou a ficar em coma por alguns dias.

Recuperado e, aparentemente, livre do vício, aparece mais magro na TV apresentando um programa: La noche del diez.

Um dos momentos mais marcantes do programa foi quando ele recebeu o então desafeto Pelé, e “bateram uma bolinha” ao vivo.

Em 2007, sofreu uma recaída, mas para o álcool, chegando a ser internado.

Como treinador

Maradona enfim conseguiu realizar seu desejo de treinar a Seleção Argentina em 2008.

Obviamente com polêmicas. Riquelme enfrentou o treinador por lhe dar menos atenção que os “estrangeiros”.

Para a Copa de 2010, o treinador suou para classificar a seleção. Derrotas contra a Bolívia por 6×1 e para o Brasil, em casa, por 3×1, balançaram ele no cargo.

No entanto, a classificação veio contra o Uruguai, na última rodada, descascando toda a sua ira para a imprensa: “que la chupen, que la chupen y que la sigan mamando”.

Na Copa, quatro jogos com vitórias, até apagando as críticas da imprensa.

No entanto, nas quartas-de-final, a Alemanha detonou o time de Maradona com um 4×0.

Um de seus últimos trabalhos em vida foi tentar tirar o Gymnasia y Esgrima do rebaixamento. Mesmo com um trabalho questionável, ainda era o ídolo dos argentinos – chegando a ter um TRONO na beira do campo.

Em 2018, claramente embriagado, fez caras e bocas durante a vitória que classificara a Argentina para as oitavas daquela Copa.

Vida pessoal

Maradona foi casado durante vários anos com Cláudia Villafañe, de quem se divorciou de forma litigiosa.

Ele tem 5 filhos (pelo menos, registrados): Dalma e Gianinna, do casamento com Villafañe, Diego Sinagra fruto de um caso extra-conjugal quando Maradona jogava no Napoli; Jana, filha de um outro relacionamento fora do casamento na década de 1990; e Dieguito Fernando nascido em 2013 filho de Verónica Ojeda.

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