Jogadores do Figueirense não entram em campo em protesto! E tome WO!

Um fato inusitado, vergonhoso e marcante aconteceu ontem pela Série B do Brasileirão.

O Cuiabá venceu o Figueirense pela 17a rodada da segunda divisão. O problema é que não houve partida.

Alegando atraso no pagamento de salários e direitos de imagens, os jogadores do Figueirense se recusaram a entrar em campo, perdendo a partida por WO.

Os atletas do Figueirense, à princípio, se negam a deixar o hotel onde estavam hospedados em Cuiabá, mas decidiram ir a Arena Pantanal, local da partida.

Após chegarem no estádio, aguardaram o horário do jogo e o prazo limite para o início da partida (30min) para decidirem se iriam jogar ou não.

Claramente aguardando uma manifestação da diretoria do clube com relação aos salários atrasados e direitos de imagem.

A diretoria até prometeu quitar todas pendências até o próximo dia 28 de agosto, mas não colou.

Como nada mais foi feito do lado da diretoria, os jogadores se recusaram a entrar em campo, mesmo com todo o protocolo feito – Cuiabá entrando em campo, enfileirando, hino tocando…

A decisão dos atletas foi anunciada pelo advogado que representa a causa dos jogadores, Filipe Rino.

Uma nota foi publicada pelos próprios jogadores no último domingo, cobrando a quitação dos salários até o último dia 20 (terça-feira última).

O atraso vai além, atingindo funcionários e atletas das categorias de base.

O que pode acontecer com o Figueirense?

Além do vexame causado – tanto para os torcedores, para os jogadores e para o clube – o time catarinense ainda pode sofrer punições.

O Artigo 203 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva diz claramente que, além de registrar derrota por 3×0 ao time que se ausentar, o Figueirense também será punido com multa entre R$ 100 a R$ 100 mil.

Art. 203. Deixar de disputar, sem justa causa, partida, prova ou o equivalente na respectiva modalidade, ou dar causa à sua não realização ou à sua suspensão.
PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e perda dos pontos em disputa a favor do adversário, na forma do regulamento.

Só que a situação do Figueira pode ficar AINDA PIOR. Em caso de reincidência na ausência de jogo, o time pode ser excluído do Brasileirão da Série B e automaticamente rebaixado.

§ 3º Em caso de reincidência específica, a entidade de prática desportiva será excluída do campeonato, torneio ou equivalente em disputa.

Tragédia anunciada

A situação escancarada na última terça exibe o fracasso da medida tomada pelo Figueirense em 2018 para tentar sanar uma dívida milionária.

O Figueirense aderiu a gestão de “clube-empresa”, com 95% das suas ações pertencentes a holding Elephant.

Durante esse processo de mudança, o clube se envolveu financeiramente com Marcos Meira, citado em laudo da Operação Lava-Jato de outubro de 2016, bem como Cláudio Honigman, identificado em denúncias de lavagem de dinheiro com Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.

Ele recebeu depósitos de empresa controlada pelo doleiro Alberto Yousseff, outro envolvido em denúncia na Lava-Jato.

A crise ficou escancarada quando o treinador Hemerson Maia declarava a imprensa que os salários estavam atrasados, prejudicando o trabalho do clube.

Depois de alguns jogos, a diretoria demitiu o treinador.

Os salários seguem atrasados. Desde a partida contra a Ponte Preta (na rodada passada), os jogadores não treinaram, e chegaram a ameaçar nem viajar ao Mato Grosso.

Fonte e Fonte.