O Campeonato sulamericano de Seleções (ou Copa América) é um torneio centenário com os maiores jogadores das Américas.
E nesses anos de história, muita coisa importante aconteceu.
Nesse ranking, vamos ver alguns fatos importantes da competição durante esse tempo. Preparados para viajar?
Um dos mais antigos
A Copa América é o segundo campeonato de futebol entre seleções mais antigo do mundo.
A primeira edição ocorreu em 1916, na Argentina, para comemorar o Centenário da Argentina, e teve apenas 4 equipes: Argentina, Brasil, Chile e Uruguai.
Foi durante esse evento que foi criada a CONMEBOL, a Confederação Sul-Americana de Futebol.
Os dois torneios mais antigos de futebol são:
– o British Home Championship, competição realizada entre os países do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) entre 1883 e 1984
– o torneio de futebol dos Jogos Olímpicos, que teve sua primeira edição em 1908.
Tá faltando gente!
Na primeira edição, a Argentina – país-sede – quase é desclassificada por falta de jogadores!
O futebol na década de 1920 era estritamente amador, e montar um selecionado não era uma tarefa das mais fáceis.
A Argentina se viu desfalcada de um jogador na sua segunda partida, contra o Brasil – uma viagem a trabalho inadiável foi a justificativa do atleta.
Como não haviam reservas no futebol da época, os argentinos tiveram que, literalmente, chamar alguém da arquibancada do estádio G.E.B.A. (local onde todos os jogos da competição aconteceram) para completar a equipe.
O jogo acabou 1×1 e o gol dos hermanos foi justamente desse jogador que completou o time, José Laguna, um jogador do Huracán.
Programa de chileno
A Copa América de 1919 foi a primeira a ser realizada no Brasil (deveria ser em 1918, mas foi adiada por conta de uma epidemia de gripe).
A equipe chilena teve muito trabalho para chegar no Rio de Janeiro, sede da competição.
Após terminar em último lugar (com o Brasil sendo campeão), chegou a hora do time voltar pra casa.
O itinerário era: viagem de navio até Buenos Aires, e daí se deslocariam até Santiago.
Só que uma tempestade de neve fechou a passagem pelos Andes – a única que o transporte fazia – deixando os jogadores chilenos presos em Mendoza, na fronteira com o Chile.
Sem dinheiro para alojamento, pois custearam a viagem do próprio bolso, eles decidiram atravessar a fronteira e ir á Santiago de mula.
40 dias depois de saírem do Rio de Janeiro, finalmente os jogadores chegaram em casa.
O primeiro craque da nossa Seleção
Você pode não ter ouvido falar em Arthur Friedenreich, mas muitos o consideram melhor até que Pelé.
Craque do São Paulo e da Seleção entre as décadas de 1910 e 1920, foi um dos maiores jogadores do nosso futebol.
Foi artilheiro do primeiro título brasileiro na Copa América, em 1919.
No entanto, uma imposição do Governo Federal impediu Arthur de disputar duas Copas Américas (que, naquela época de pré-Copa do Mundo eram anuais).
Um decreto imbecil do presidente Epitácio Pessoa (1919 a 1922) proibiu que homens negros jogassem a liga local de futebol ou integrassem a Seleção.
Isso afetou diretamente Arthur Friedenreich, que era negro – filho de pai alemão e mãe brasileira.
Pense na comoção popular (como se Pelé fosse impedido de jogar a Copa de 1970 pelo Governo). Pensou?
Agora junte isso ao fato do Brasil ter ido muito mal nas Copas América de 1920 e 1921.
O clamor popular fez com que Epitácio Pessoa revogasse a idiota lei.
Resultado? Na Copa América de 1922 deu Brasil novamente!
Ê, Palermo…
A Copa América de 1999 ficou marcada por um fato nunca mais repetido na história do futebol mundial.
Um único jogador conseguiu a façanha de perder 3 cobranças de pênalti num único jogo!
Isso ocorreu numa partida entre Argentina a Colômbia, em que a Colômbia venceu por 3×0.
O autor da façanha foi Martín Palermo. A Argentina sofreu 3 penalidades, Palermo bateu as 3 e PERDEU as 3.
Note que, na cobrança errada do 2º pênalti, Palermo solta um grito que pode ser ouvido pelo estádio.
Se ele tivesse feito ao menos um gol, teria empatando na artilharia da Copa América, já que os artilheiros (Ronaldo e Rivaldo), marcaram 4 vezes.
Vencer pra quê?
O Paraguai conseguiu uma façanha incrível na Copa América de 2011, na Argentina.
O time paraguaio conseguiu chegar a final da competição sem ter vencido uma única partida sequer.
Os 3 empates na fase de grupos fez o Paraguai passar como o segundo melhor terceiro colocado.
Daí eliminou Brasil (quartas-de-final) e Venezuela (semifinal) nos pênaltis, chegando a decisão contra o Uruguai.
O macetinho paraguaio não deu certo: vitória uruguaia na decisão.
Vão ter que me engolir!
Uma das mais emblemáticas frases ditas por um comandante na beirada do campo foi dada por Zagallo, após vencer a Copa América de 1997, na Bolívia.
Essa foi a primeira vez que o futebol brasileiro ganhou a competição fora do Brasil.
Ainda ofegante por conta da euforia do título e da altitude de La Paz – palco da final contra os donos da casa -, o Velho Lobo declarou:
Muitos achavam que aquilo era uma indireta para a TV Globo, que cornetava a Seleção pelos resultados de Zagallo.
Só que o próprio treinador revelou, anos depois que o “recado” era para dois jornalistas – Juca Kfouri e Juarez Soares – que, segundo o treinador, estavam fazendo lobby para que Vanderley Luxemburgo assumisse a Seleção para a Copa do Mundo de 1998.
Já teve outros nomes (e períodos)
O torneio já mudou de nome, periodicidade e formatos várias vezes durante sua história centenária.
Inicialmente chamado de Campeonato Sulamericano de Seleções, e tinha edições anuais até 1929.
Depois de um hiato, a partir de 1935, o campeonato oscilou muito na sua periodicidade: edições anuais, de dois em dois anos, e até tivemos duas edições num mesmo ano (1959, na Argentina e no Equador).
Depois do campeonato de 1967, a CONMEBOL decidiu fazer o torneio sem uma sede fixa, começando em 1975, já com o nome de Copa América.
O esquema de sedes fixas durou apenas por 3 edições, mas a partir daí se convencionou realizar o campeonato de dois em dois anos.
Em 2001, na Colômbia, adotou-se o período de três em três anos e, a partir de 2011, na Argentina, quatro em quatro anos.
Revezamento de sedes
Em 1987, adotou-se o sistema de revezamento de países-sedes, iniciado na Argentina, passando por todos os países afiliados da CONMEBOL em ordem alfabética.
Em 2007, quando o revezamento terminou, Chile, México e EUA queriam sediar a próxima edição, mas a CONMEBOL decidiu reiniciar o revezamento, com a Copa América de 2011 acontecendo na Argentina.
Ano que vem teremos mais uma Copa América, para colocar o calendário da competição na mesma janela de torneios como a Eurocopa, “afastando” a Copa América da Copa do Mundo.
Centenária!
A Copa América Centenário ocorreu nos EUA em 2016, e foi a primeira vez que o torneio foi realizado por uma nação que não é filiada da CONMEBOL.
Também foi a primeira que, desde a reestruturação da competição em 1987, não houve um mascote.
Ventilou-se que os EUA queriam sediar a Copa América de 2020, que irá adequar o calendário sulamericano ao europeu, mas foi recusado pela CONMEBOL.
Convidados para a festa
Como a CONMEBOL possui apenas 10 membros, sempre foi um desafio fazer um torneio competitivo entre elas com uma quantidade razoável de jogos.
Depois de uma infinidade de fórmulas decidiu-se, a partir da Copa América de 1993 no Equador, convidar países de outras confederações para completar ao menos 12 seleções na disputa.
O “convidado” que teve mais sucesso foi o México, vice-campeão em 1993, perdendo a decisão para a Argentina. Aliás, esse foi o último título da seleção adulta da Argentina.
Em 2016, em virtude da Copa América Centenário, a competição teve 16 equipes, sendo 6 “convidados” da CONCACAF.
Além do México, EUA, Costa Rica, Honduras, Panamá, Jamaica, Haiti (da CONCACAF) e Japão (da AFC) já participaram como convidados.
No ano de 2019, mais uma seleção se juntou a esse time: o Qatar (da AFC).
A Taça da Copa América
A taça da Copa América foi feita entre 1916 e 1917 na Casa Escasany, uma joalheria de Buenos Aires, e foi doado para a Confederação Sul-Americana de Futebol pelo Ministério de Relações Exteriores da Argentina.
Cada campeão pode manter a taça original até a próxima edição, quando deve devolvê-la a CONMEBOL e receber uma réplica para permanecer em sua posse.
A Copa América Centenário, de 2016, teve como campeã a seleção chilena, ao derrotar a Argentina na decisão.
Foi feita uma taça especial, baseada na original, simbolizando o centenário da competição.
Por se tratar de um campeonato único, o Chile pode ficar permanentemente com a taça do centenário.
No entanto, essa edição conta como oficial, pois na taça original foi colocada uma plaquinha com a conquista chilena de 2016.
E aí, animados para a Copa América? Será que dá Brasil? Comenta aí!