A Copa do Mundo de 2022, a primeira no mundo árabe, é diferente não apenas pelo período em que vai ocorrer, mas pelas inúmeras tentativas de sportswashing do governo local (chancelados pela FIFA).
Más condições de trabalho na construção dos estádios, polêmicas leis contra LGBTQIA+, só pra ficar nesses dois.
Em resposta a isso, muitos jogadores que estarão no Mundial até tentaram boicotar a competição, mas no fim apenas deixaram suas “notas de repúdio”.
Esse movimento não é novidade na Copa do Mundo.
Esse post vai listar algumas vezes em que ou o próprio país ou a FIFA impediu uma seleção de disputar a Copa ou as Eliminatórias.
Europeus x Americanos nas primeiras edições
Como vimos anteriormente, o Uruguai sediou a primeira edição da Copa, entre outras coisas, por conta do seu sucesso nos dois últimos torneios olímpicos.
Só que, em 1930, as viagens intercontinentais eram basicamente feitas por navio.
E houve uma recusa grande de seleções europeias em participar do primeiro Mundial FIFA.
Aquela edição foi a única a não ter eliminatórias: todas as afiliadas a FIFA foram convidadas.
Nove americanos aceitaram (sendo sete da América do Sul), mas até a data limite imposta pela FIFA, nenhum europeu aceitou vir.
Só depois de um trabalho árduo do presidente da entidade Jules Rimet, Bélgica, França, Romênia e Iugoslávia aceitaram vir ao Uruguai.
O troco veio quatro anos depois. Por conta da desistência explícita de algumas seleções em não querer vir ao continente americano, o Uruguai, atual campeão, se recusou a defender seu título no Mundial da Itália, em 1934.
Aliás, essa foi a única vez que o detentor do título não o defendeu na Copa seguinte.
E a “treta” seguiu na Copa de 1938. Já sob a sombra do avanço do fascismo na Europa, a Argentina se juntou ao boicote uruguaio – principalmente pelo fato da sede ser novamente na Europa.
Depois da guerra, segue a treta
Em 1950, num mundo ainda afetado pela 2ª Guerra Mundial, a FIFA conseguiu sede segura para a Copa: o Brasil.
Além da celeuma Europa/América, as sanções do pós-guerra e a situação dos países pesaram muito na vinda dos classificados para nossas terras.
A Itália não estava sujeira a sanções internacionais, mas estava em reconstrução, e foi um grande desafio para convencê-los a defender seu título.
Os outros países da Tríplice Aliança, Japão e Alemanha, estavam impedidos de participar por conta de sanções.
Porem, das 16 seleções inicialmente escolhidas, Escócia, Turquia e Índia (depois França e Portugal) desistiram de vir por questões logísticas.
Logo, o torneio teve apenas 13 seleções.
Desistência nas Eliminatórias
Não tivemos mais nenhuma seleção desistindo ou sendo eliminada na “fase final” da Copa do Mundo.
Porém, com o avanço das eliminatórias, a FIFA vez por outra pune ou impede a qualificação de algum país nas eliminatórias.
- 1938 – Espanha foi impedida de participar por conta da Guerra Civil
- 1966 – Desde essa data até 1992, a África do Sul foi impedida por conta da política Apartheid
- 1986 – O Irã se recusou a mandar seus jogos em campo neutro e foi excluído das eliminatórias.
- 1990 – Por causa do escândalo envolvendo o goleiro Rojas, o Chile foi excluído da Copa de 1990 e das Eliminatórias da Copa seguinte.
- 1990 – O México foi desclassificado por infringir as regras de idade nas eliminatórias dos Jogos Olímpicos de 1988.
- 1994 – A Iugoslávia estava suspensa de competições internacionais por conta de Guerra Civil.
- 2006 – A seleção de Myanmar foi excluída da competição por conta de conflitos civis.
- 2010 – A Etiópia foi excluída da competição após suspensão imposta pela FIFA.
- 2018 – Após intervenção governamental na federação local, a Indonésia foi punida com a desqualificação das eliminatórias.
- 2022 – Com a Invasão Russa na Ucrânia, a seleção da Rússia foi excluída das eliminatórias.
Além disso, os próprios países chegam a desistir de competir, por também diversos motivos.
- 1958 – Turquia e Sudão se recusaram a enfrentar Israel, que só não se qualificou diretamente para a Copa por conta de mudança no regulamento.
- 1962 – República Árabe Unida (atual Egito) e Sudão se recusaram a jogar entre si, alegando questões ideológicas.
- 1966 – Todas as seleções africanas desistiram em conjunto por protesto com a FIFA por não ter uma vaga garantida para o continente. A Síria, em apoio, também desistiu.
- 1970 – A Coreia do Norte negou-se a disputar as eliminatórias por ter se recusado a enfrentar Israel – que, dessa vez, conseguiu ir ao Mundial.
- 1974 – A União Soviética se recusou a ir ao Chile disputar a repescagem, em protesto ao golpe militar liderado por Augusto Pinochet.
- 2022 – Por conta da pandemia de COVID19, Coréia do Norte, Samoa Americana, Samoa, Vanuatu, Taiti e Ilhas Cook desistiram de competir.
- 2022 – Tonga desistiu por conta da erupção e tsunami do vulcão Hunga Tonga.
Somente para as Copas de 1978 e 1982 não tivemos um caso sequer de proibição ou desistência durante as eliminatórias.
Desistência de Sedes
Sempre que uma sede de um grande torneio é escolhida, temos uma rejeição da população por conta dos gastos que serão realizados.
Isso é bem notável nos dias atuais mas, com mais ou menos intensidade, isso sempre aconteceu.
E com razão, em alguns aspectos. Como vimos em 2014, a FIFA e seu “padrão” acabam fazendo os governos penderem a já pendida balança de gastos para o Mundial, e esquecendo as necessidades básicas do país.
E a entidade já sofreu um grande baque em 1982, quando a Colômbia recusou-se a receber a Copa de 1986, peitando a FIFA (presidida pelo brasileiro João Havelange).
Com a recusa, a FIFA teve que correr para arrumar outra sede, e viu no México a saída, já que não haveria tanto gasto para estádios, pois o Mundial havia ocorrido por lá 16 anos antes.
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É, a FIFA tem trabalho com Copa do Mundo, mas também procura…
E aí, quais desses boicotes, desistências e proibições você não conhecia? Comenta aí!