Se ventilou (antes de fechar com o Catar) que o Mundial de Clubes de 2021 aconteceria no Brasil.
Por conta da pandemia, tanto o torneio foi retirado do Japão quanto foi mudado de data – será no começo de 2022.
Não seria, no entanto, o primeiro torneio em solo brasileiro com clubes internacionais.
Uma pena que não ocorram muitos, mas já tivemos vários deles em nosso solo.
Destacamos aqui alguns que aconteceram em solo brasileiro e que envolveram clubes europeus. Bem, é assim que se pleiteia título mundial na FIFA, não é? (polêmica)….
Vamos lá?
Granada Cup 2015
Definitivamente, foi um torneio amistoso bem esquisito.
Contava com a presença de quatro clubes brasileiros (Goiás, Gama, Cruzeiro e Flamengo), o Shakhtar Donetsk da Ucrânia, com brasileiros no elenco, como Bernard e Luis Adriano, e o Žalgiris, da Lituânia.
Goiás e Gama ficaram em um grupo com o Žalgiris, enquanto o Shakhtar jogou contra Cruzeiro e Flamengo.
As partidas aconteciam no Bezerrão e no Mané Garricha, ambos em Brasília.
Os times jogavam duas vezes dentro do seu próprio grupo – menos Cruzeiro e Flamengo, que não se enfrentaram.
Quem somasse mais pontos ao final, seria o campeão.
Porém, o time mineiro e o time carioca não disputavam o título. Eles eram “coringas“, e sua função do torneio era tirar pontos do Shakhtar, para favorecer os times do outro grupo.
Pois é.
A função foi cumprida à risca. Cruzeiro e Flamengo empataram com o time ucraniano, dando o título de bandeja para o outro grupo.
No fim, Goiás e Gama decidiram o título, numa nova trapalhada da organização.
Como os dois times tinham 4 pontos (venceram o Žalgiris pelo mesmo placar e empataram sua partida), estava indicado que, antes do jogo, que a decisão de quem ficaria em primeiro seria nas penalidades.
Porém, no fim do segundo tempo, o sistema de som do Bezerrão anunciou que o critério de desempate seria cartões vermelhos.
Só que o Gama teve um jogador expulso no primeiro tempo. Logo, foi eliminado.
Que várzea!
Com isso, o Goiás foi o campeão desse, digamos, incomum torneio.
Copa Peregrino 2008
Um torneio entre clubes cariocas e… noroegueses. Foi isso que aconteceu em 2008 no Rio de Janeiro.
O Botafogo venceu esse torneio pré-temporada que reuniu incomuns clubes e, pra variar, incomum regulamento.
Junto com o rubronegro, America e Madureira representaram o Brasil. Do lado norueguês, tínhamos Stabaek, Viking e Start.
Os times foram divididos em grupos com integrantes do mesmo país, mas os confrontos eram com os times do grupo oposto. Logo, só tivemos confrontos Brasil x Noruega.
O clube que somasse mais pontos seria o campeão.
Como torneio amistoso, se deu ao luxo de lançar algumas normas que não estavam nas regras do futebol, como substituições ilimitadas (inclusive jogadores podiam voltar a campo), e não suspensão por cartão vermelho no jogo seguinte.
Uma delas, porém, acabou sendo adotada – obviamente não por causa do torneio.
Aos 22min de cada tempo, havia interrupção da partida para hidratação de atletas.
O Botafogo se sagrou campeão do torneio, mas não foi ele que disputou a partida final que lhe cabia.
Como tinha a estreia do campeonato carioca no dia seguinte a decisão, coube ao Boavista representar o alvinegro na partida decisiva.
O empate do time verde deu o título ao Botafogo.
A taça foi levantada pelo Fogão no dia seguinte, na estreia do Carioca daquele ano.
Wellington Paulista, recém chegado no time, nem sabia do torneio amistoso, e ficou surpreso com os gritos de campeão vindo da torcida.
– Nem sabia que o Botafogo tinha sido campeão, mas é bom, é uma conquista a mais, né? Só não entendi quando ouvi a torcida gritando “é campeão!”
Copa Centenário de Belo Horizonte 1997
Dentre as diversas celebrações que marcaram o centenário da cidade de Belo Horizonte, em 1997, um torneio amistoso se destacou pelo “calibre” dos times envolvidos.
Além de Atlético-MG, América-MG e Cruzeiro, o torneio que reuniu 8 equipes teve também a presença de Milan e Benfica, além do Olimpia do Paraguai como “gringos”.
Flamengo e Corinthians fecharam os grupos.
Foram dois grupos de 4 equipes, com todos do grupo jogando entre si, em que só o campeão avançaria a decisão.
Esse torneio marcou a despedida dos gramados de Toninho Cerezo, na época com 42 anos – atuou 20min pelo Galo contra o Milan e foi ovacionado pela torcida.
No fim, a decisão foi um clássico. Mineiro. Atlético-MG e Cruzeiro acabaram decidindo o torneio, com vitória dos atleticanos por 2×1.
É, mas nem tudo foram flores.
A Federação Mineira, que organizou o torneio com tantos times bons, mas com fracasso de público e renda, caiu numa crise tão grande que obrigou seus dirigentes a pedirem empréstimos de empresas e a encerrar contas bancárias…
Copa Euroamérica
Antes de mais nada, não confundir com a recente iniciativa de CONMEBOL e UEFA de fazer um torneio entre o vencedor da Copa América e da Eurocopa.
O torneio a que estamos nos referindo foi amistoso, e que teve três edições no Brasil, contando com representantes brazucas e estrangeiros.
O Palmeiras venceu as duas primeiras edições (em 1991 e 1996), sempre decidindo o título com outro brasileiro – Corinthians na primeira, Flamengo na segunda.
Já em 1999, sem o alviverde, foi outro paulista que levou a taça: o São Paulo.
O torneio era um triangular – em 1991, apenas times de confederações diferentes se enfrentavam. Logo, Palmeiras e Corinthians não se enfrentaram. Além deles, os alemães Stuttgart e Hamburgo completaram a competição.
Em 1996 e 1999, foi um triangular legítimo.
A edição de 1996 ocorreu em Fortaleza, e teve o Borussia Dortmund enfrentando Palmeiras e Flamengo.
Já em 1999, em São Paulo, o tricolor teve que passar por Olímpia do Paraguai e pelo Bayer Leverkusen para ser campeão.
Copa Rio pós 1951
Decidimos não considerar a Copa Rio 1951 como amistoso.
Vamos colocar os dois torneios derivados pois eles não tiveram a presença de delegados da FIFA, como foi a edição de 1951.
Após o sucesso do torneio no ano após o Maracanazzo, a CBD resolveu realizar novo torneio, mas sem a FIFA dando apoio dessa vez.
Na verdade, o torneio de 1952 teve o acompanhamento da FIFA, mas não o reconhecimento de torneio a nível mundial, como o de 1951 teve (não confundir, porém, com campeonato mundial, pois a FIFA não reconhece oficialmente nenhuma das Copas Rio como tal).
A Copa recebeu esse nome por ser patrocinada pela Prefeitura do Rio de Janeiro (que doou o troféu ao vencedor).
Nessa edição, Fluminense e Corinthians representavam o Brasil.
De estrangeiros, destaque para o Sporting, de Portugal, e o Austria Viena, além de Penarol e Libertad, da América do Sul.
No fim, Corinthians e Fluminense decidiram o torneio, com vitória dos tricolores.
Desde então, o Fluminense luta pelo reconhecimento desse troféu como título mundial, assim como o Palmeiras quer o reconhecimento da edição de 1951.
Em 1953, já sem o nome de Copa Rio, mas com o nome do então presidente da CBD, Rivadávia Corrêa Meyer, o torneio aconteceu pela última vez.
Nesse campeonato, um pouco menos internacional – já que haviam, dos oito, apenas 3 clubes estrangeiros, o Hibernian da Escócia, o Olímpia do Paraguai, e o Sporting, de Portugal.
Os outros times foram o São Paulo, Corinthians, Botafogo, Vasco e Fluminense.
Como esperado, na decisão, dois brasileiros: São Paulo e Vasco, com os cariocas levando a melhor.
Assim o Vasco também almeja o título de campeão mundial, mas sua peleja é muito mais complicada que a de Palmeiras e Fluminense.
E aí, lembrava desses torneios? Dá pra brigar pra chamar de mundial ou só amistoso tá bom?
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